Pode ser da melodia, da entrega vocal, das letras ou da orquestração majestosa. Talvez baste até mesmo apenas o título da canção. Pode ser tudo isso, mas o que nos atira ao chão, vira ao contrário, deixa para morrer numa valeta qualquer e depois ressuscitar é a forma como esta canção nos confronta com a realidade. “To the Rescue” põe a nu todos os defeitos do amor: as constantes discussões, as mentiras, as justificações mal-amanhadas, as memórias que doem (mas às quais voltamos só para escarafunchar a ferida), as desilusões e o controlo alheio. “To the Rescue” mostra toda a tristeza, toda a perda e ansiedade que compõem o amor.
Mas não são essas amarguras que interessam porque só quando já fomos acossados violentamente e arrastados pelo chão é que conseguimos perceber que aquela pequena coisa que andamos para aqui todos à procura é mesmo do caraças. E vale a pena ter ido parar à lama se isso significa que agora se pode gostar ainda mais desta canção e aproveitar melhor o que o amor traz de bom.
P.S. – O ponto em que se ouve “But I’ll march behind you/ Wherever you may go/ And I’m more proud of you/ Than you can ever know” devia ser mote para todos os apaixonados até alguém voltar a escrever algo como “To the Rescue”.