Para uma banda com mais de 25 anos, a utilização de um título como “I Hate Music” pelos Superchunk pode ser encarada de forma leve – mas revela também que uma estrada que se percorre com tanta dedicação está repleta de azedumes e desilusão. Esta inferência não deixa de ser curiosa, para um grupo que só não fez álbuns inspiradores e positivos quando não existiu, durante um interregno de nove anos.
Por outro lado, a relatividade de tudo o que é produção artística, mesmo que se dedique a vida a isso, também não é incoerente. E incoerência é o que menos se espera dos Superchunk. Essa relatividade de tudo o que é tudo, que não lhes é estranha, é território frequente, senão constante, da comédia. Esta sensibilidade está presente nos Superchunk, não fosse o baterista Jon Wurster um (excelente) comediante em part-time; e naquilo que canta o grande Mac McCaughan.
Com excelentes letras, “I Hate Music” continua a ter os mesmos problemas de consciência de sempre e não quer ficar mais tempo do que o que acha necessário. Contudo e inevitavelmente, por causa dos seus interlocutores, é precisamente isso que faz, como um convidado que não queremos que vá embora.
Desde o início dos anos 90 que nos habituámos a esperar, de um disco dos Superchunk, mais ou menos o mesmo: uma banda que se mantém imatura, no que isso tem de melhor. Só que, quando se é tão consistente, encontramos sempre o que procuramos e a fidelidade é merecida.