House of Sugar é uma confusão, uma bonita confusão.
Alexander Giannascolli tem 26 anos e já lançou nove produções de longa duração. Alexander Giannascolli, porém, responde apenas por (Sandy) Alex G e é, desde que surgiu de há uns anos para cá, uma espécie de «príncipe misterioso» da cena musical indie.
Em (Sandy) Alex G vemos a figura de um génio, que só sabe criar música, produzir sons, escrever poemas e incorporá-los entre instrumentos musicais.
House of Sugar é o nono álbum de Alex G e é o terceiro que é lançado pela sempre independente Domino Records.
No início, não é fácil escutar aquilo que Alex G nos tem a dizer. A forma como Alex comunica connosco é, num primeiro momento, agressiva, fria e distante, própria de uma personalidade introvertida. De certa forma, nesses primeiros momentos, parece que (Sandy) Alex G nos quer expulsar do seu mundo. Ele comunica connosco através de sons agressivos e de ruídos sobrepostos que, apesar de resultarem de uma desordem total, são sinceros e sensíveis, guardando no seu interior uma beleza que não está ao alcance da compreensão de todos.
A partir do momento em que estamos em sintonia com o pensar de Alex G, nós aproximamo-nos dele e percebemo-lo melhor.
Apesar de estar ligado a uma sonoridade marcada por sons geralmente agressivos e pesados – mas que nunca perdem a sua beleza e harmonia –, (Sandy) Alex G cria mundos calmos e contemplativos, através de baladas transparentes, onde o artista se entrega totalmente a quem o escuta, confessando-lhe e falando-lhe de todos os problemas e situações que o afetam.
A musicalidade de (Sandy) Alex G tem seguido sempre esse registo. Os seus trabalhos costumam ser sempre pontos de união entre composições musicais que tanto podem assumir moldes agressivos e distorcidos como moldes sossegados, harmoniosos e equilibrados.
House of Sugar segue esse padrão e nem por isso deixa de ser um trabalho original. Na verdade, este trabalho de Alex G foi o que mais gerou expetativas junto da comunidade que segue atentamente o processo criativo do músico de Philadelphia.
O LP não tem mais do que 40 minutos de duração, sendo composto por 13 canções. House of Sugar foi produzido por Jacob Portrait e é notória a melhoria na qualidade das faixas deste último trabalho de Alex G em comparação com as que compõem os restantes álbuns deste artista – que sempre se distinguiu no universo lo-fi. Porém, a última faixa do álbum, “SugarHouse” (que faz uma menção clara ao nome do projeto) tem a particularidade de ser uma versão ao vivo, gravada em novembro de 2018.
Se há coisa que impressiona em (Sandy) Alex G é a sua sinceridade poética. Alex fala-nos de tudo com uma sinceridade inigualável. Em “Hope”, fala-nos da morte de um amigo que lhe era próximo: «He was a good friend of mine/ He died / Why I write about it now? / Gotta honor him somehow/ Saw some people crying that night / Yeah, Fentanyl took a few lifes from our life / Alright». E em “Cow”, Alex confessa o seu amor por uma mulher que, pelo sentido da canção e pelo seu título, acabou por lhe causar um transtoro pesado. «You big old cow/ (…) I never loved nobody / The way I love you».
No começo, é complicado compreender a mente de (Sandy) Alex G, que nunca deixa de ser inesperada e pesada, no entanto, com o passar do tempo, conhecemo-lo melhor e ele vai-nos falando de tudo, confessando-nos tudo e nós começamos a compreender as suas emoções, a sua dor e o seu amor.
Eventualmente, Alex fica o nosso melhor amigo e nós ficamos o seu melhor amigo.