A tarde de concertos do quarto dia do Rock In Rio começou com pontualidade às 16h45 e com um belo concerto dos wild cards do dia, os lisboetas Mighty Sands. Foi um concerto de cerca de 50 minutos com óptimo groove e boa onda e que se tornou num excelente aperitivo para os concertos que se seguiram, primeiro de Capitão Fausto e depois dos nova-iorquinos Real Estate.
Os Mighty Sands, à imagem da maioria dos concertos no Palco Vodafone, não tiveram muita afluência. Num festival onde as filas para a roda gigante e para os sofás insufláveis são de perder de vista, não é de admirar que a música fique para segundo plano. Mas apesar das pessoas não estarem à frente do palco, muitas ouviram enquanto aguardavam nessas mesmas filas. E ouviram uns Mighty Sands a não vacilar num palco ainda grande para eles. A banda composta por Johnnee, Luckee, Maree, Martinee e Moree está mais habituada a salas mais aconchegadoras mas apesar do relativo nervosismo souberam transpôr para o palco aquilo que são as suas canções em disco. Tocaram novas malhas, como por exemplo “Mozambique”, com a ajuda de Salvador, El Salvador dos Capitão Fausto, na conga. E tocaram também a óptima “DK”, canção que vem do tempo em que ainda eram conhecidos como Los Black Jews. Foi um óptimo iniciar de tarde, com o bom som do surf rock psicadélico.
Assim que os Mighty Sands terminaram a sua actuação foi ver a correria de gente para ganhar espaço para os Capitão Fausto. Bom prenúncio! Foi claramente uma das bandas com maioria afluência de gente e que gerava mais expectativa que vimos neste palco até à data (nesta edição). O novo álbum dos Capitão Fausto tem sido muito bem recebido pela crítica o que faz com que sejam já três os discos certeiros do quinteto lisboeta.
Foi às 18h que subiram ao palco, com o ar mais descontraído e blazée que poderiam ter e deram um concerto mais tranquilo do que aquele que deram, no mesmo sítio, há dois anos atrás. Desta vez não houve lugar a moche ou a stage dive. Houve sim lugar à coolness que uma sonoridade mais à la Beach Boys permite dar. O público, maioritariamente composto por adolescentes, mostrou que conhece já bastante bem as novas músicas da banda, como “Alvalade Chama Por Mim” ou “Mil e Quinze” mas foi com o single “Amanhã Tou Melhor” que foram ao rubro. Sem esquecer “Verdade” de Gazela ou “Maneiras Más” de Pesar o Sol, claro.
Os Capitão Fausto são uma banda bem crescida em palco e não só. O novo disco Capitão Fausto Tem Os Dias Contados é como se fosse um álbum de viragem. Daqueles que fazem jus à expressão “à terceira é de vez” só que com a diferença que os dois primeiros também são muito bons. E por isso só estranhamos estarmos a vê-los no Rock In Rio, num palco secundário e sem ser cabeça de cartaz. Mereciam mais.
Por fim vieram os Real Estate. E se até esta altura a chuva ainda não tinha dado ares da sua graça, com os Real Estate veio para ficar. Ao início do concerto foi miudinha mas depois, a meio do mesmo, caiu água que nem cães e gatos, sem dó nem piedade. E apesar de terem atirado dezenas de impermeáveis do palco para o público (o que os tornou na banda mais atenciosa do festival) não deixou de ser uma pena. Os Real Estate estavam a dar o melhor concerto, sem dúvida. Muito muito bom!
Começaram com as melhores músicas de Atlas, como “Talking Backwords” e “Had To Hear” mas foi com “It’s Real” de Days que se ouviu uma maior reacção do público. Os Real Estate tiveram mudanças há pouquíssimos dias. Há apenas 4 dias atrás Matt Mondanile saiu da banda para se dedicar exclusivamente ao seu projecto Ducktails, tendo sido substituído por Julian Lynch. Mas não se notou qualquer falha ou diferença, tendo sido se calhar por isso que optaram por uma espécie de best of no alinhamento.
Os norte-americanos tiveram ainda tempo de tocar novas canções, que têm estado a compor e gravar para o próximo álbum e agradeceram ironicamente pelo facto de poderem tocar no mesmo dia de Maroon 5. Mal sabiam eles que antes ainda tinha Ivete.