
Chegou mais uma edição do Vodafone Paredes de Coura e, com ela, a música que irá encher os ares da Praia Fluvial do Taboão. O primeiro dia do festival, com início dos concertos apontado para as 21h, conta com as actuações de vários artistas, como rapper portuguesa Capicua ou os americanos Cage the Elephant.
Uma pequena multidão estava reunida na frente do palco Vodafone quando Capicua nos contou a história de Sereia Louca. Em palco, juntamente com M7, rapper também nortenha, um DJ e um artista, presente apenas para ilustrar as músicas interpretadas. Iniciava-se então o festival, com “Lenga”. Intercalando os temas com pequenas intervenções de teor feminista, o concerto avançou, passando por “Alfazema” e “A Mulher do Cacilheiro”, ou ainda “Jugular”, cantado a capella. Sempre com uma energia contagiante, Capicua incentivou o público, que ia aumentando e cedendo aos pedidos da rapper portuguesa. Um bom primeiro concerto na abertura deste festival.
Mesmo antes do início do concerto, os Cage the Elephant partilharam com os presentes a boa experiência que estavam a ter no país. Desde a primeira música que capturaram a atenção da plateia e, no final da segunda música, tal era a efusividade manifestada pelo público já completamente rendido à banda, afirmavam que este irá “estar para sempre nos nossos corações”. O resto do concerto beneficiou desta bela comunhão: houve saltos, crowdsurfing e mosh o tempo todo, toda a gente batia palmas. Algures a meio, o guitarrista chegou mesmo a dizer que este era o melhor concerto na tour europeia da banda. Já no final, o cantor, com uma energia que parecia infindável (não parou de dançar o tempo todo, como se estivesse possuído por um tal Ian Curtis), subiu para a plateia e, depois de uma vénia ao público, voltou ao palco e saiu com o resto da banda, 1h10 depois de se ter iniciado este ótimo concerto.
Parecendo a alguns um nome um pouco deslocado no cartaz, Janelle Monáe apresentou-se em palco com uma camisa-de-forças, da qual logo se livrou. Com o decorrer do concerto poderia ser uma metáfora a aplicar à reacção do público, que inicialmente se mostrou apático (aparte de um pequeno grupo de pessoas na frente, no meio do mar de gente que se encontrava no recinto), mas que cedeu aos poucos. Com aproximadamente uma dezena de músicos em palco, e coordenadíssima com as coristas, Janelle interpretou temas dos discos já editados, mas arranja também tempo para uma cover da música “I Feel Good”, de James Brown. Agraciando o público com elogios, pouco a pouco, a massa de gente na Praia Fluvial rende-se à voz de pérola da norte-americana. Chegada a altura das despedidas, depois da passagem por “Cold War” e “Tightrope”, as músicas mais conhecidas da cantora, Janelle ainda regressou para um encore, no qual levou espectadores numa espécie de volta ao mundo, com a banda a tocar ritmos típicos de regiões específicas. Ainda pôs o público a cantar com ela um tema, conquistando o público, que no final salta em uníssono com Janelle. Mais uma vitória para a norte-americana em terras nacionais.
Com toda a intensidade vivida nos concertos e a enchente que se presenciou no recinto do festival, aquele que estava marcado como sendo o dia de abertura acabou por ser uma noite em cheio. Amanhã mais concertos nos esperam!
Texto: Luís Marujo e Beatriz Pinto
(Fotos gentilmente cedidas por Hugo Lima)