
Estou bêbedo, cheguei tarde, mas não perdi muitos concertos; o Rodrigo Amado tocava com o Ferrandini, foi fixe, já não me lembro bem; não estava a perceber a coisa do cronómetro a andar por cima dos músicos, a coisa renovava a cada 20 minutos, e nesses 20 minutos, acho que incluía o tempo de ajustar o palco a cada banda, a cada músico, um logótipo da Jameson debaixo do cronómetro, essa merda irritava-me, por muito que o Jameson ajude a pagar os músicos, há limites, nunca ninguém me pergunta se eu quero ver logótipos e cartazes publicitários nas ruas, raio da poluição visual. Alek Rein, não percebi a coisa, onde queria chegar, mas decididamente a mim não chegou; Memória de Peixe, não sei se pegaram no melhor deles, mas de qualquer forma o concerto pareceu mais pequeno do que todos os outros, parece que durou o tempo de um aquecimento; Maranha com Pedro Sousa foi óptimo, fechei os olhos e imaginei coisas que não tenho tempo para partilhar convosco, foi óptimo; Noz, gosto sempre do gorducho da bateria, mas irrita-me a voz do vocalista, e, já numa outra vez que os vi enquanto quarteto, creio, as mesmíssimas opiniões; o Cerco, não sei se me lembro, mas na altura escrevi no meu bloco que a Mónica que estava comigo era uma idiota, não sei se há ligação. A luz depois foi abaixo e a bateria continuou, foi giro, a Mónica tocou-me no cotovelo e fez um som estranho; o Cerco continuou, e depois foi o Presidente Drógado, não lhe achei a piada devida, ou então ele não tinha droga que valesse, ou, se tem, não a partihou; mais um whisky (Jameson, raios; ainda assim melhor do que Cutty Sark), a Mónica escreveu-me no bloco que a Anabela estava a chegar com o mestre André, não sei se o da loja. Marvel Lima é um «rockzinho» simpático e com poucos acordes, como às vezes se quer, e vozes em momentos de porque-não, Cangarra, muita bom, o poder do ruído do som com três letras, «s», «o» e «m», destruindo o palco; Fim de Pauta, concerto do caralho, lá está, o mesmo gorducho da bateria, aquele que tem um cabelo que parece o tipo dos Melvins; Iguanas – Kridinhux, desculpem-me, mas desta vez, ó cafetrinhas, não me convenceram, não se percebia o que diziam, e era coisa para se perceber o que se dizia; Asimov, altamente, mas já não sou ninguém, isto são bandas a mais e pouco tempo para cada, entretanto uma cerveja a seguir ao whisky, oh shit.
(Não deu mais.)
ADENDA o(«Ä»)z
A terminar esta mistura de maratona com 100 metros barreiras, vieram os Feia Medronho, o melhor digestivo possível para tamanha concertaria.
Todas as condições se reuniram para que se tenha tornado desgraçadamente épico: o avançado da hora, os resistentes que a combatiam, a arquitectura do espaço, o fumo e os strobs que se expandiram.
Leu-se Zlatan Ibrahimovic, sacrificou-se uma guitarra, exibiu-se um quadro da última ceia – tudo envolto num encantador tumulto desarmónico, que desabou naquilo que foi, com toda a certeza, um dos melhores concertos que as Almas já tiveram naquela Taberna.
Long live the Feia – keep it Medronho.
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Fotos: o(«Ä»)z