PZ quer expandir o seu Império Auto-Mano e volta a dar-nos um disco divertido feito de electrónica minimal, em parte iguais parvoíce e observação do quotidiano. Nós aplaudimos.
Paulo Zé Pimenta não é exactamente um novato. Anda há mais de dez anos a fazer música, a solo e em vários projectos, e é um dos responsáveis pela recomendável editora Meifumado. Ainda assim, a visibilidade maior vem-lhe da personagem que é, afinal, ele mesmo: PZ.
Sim, o PZ de “Croquetes” ou “Cara de Chewbacca“, êxitos de youtube com vídeos quase caseiros que são tão parvos como as próprias músicas. 2017 traz-nos Império Auto-Mano, o seu quarto disco, que mantém as coordenadas que sempre o nortearam: electrónica minimal, letras que oscilam entre o ‘nonsense’ e a observação quotidiana, tudo regado com muito humor e aquele sotaque nortenho que torna a combinação irresistível.
Ouça-se “Olá”, pop electrónica num tema sobre a falta de tempo e as coisas que temos sempre para fazer e para acabar. Ou “Anda comigo para a lua”, uma quase lengalenga de amor encantadora na sua inocência parva. Ou a sonoridade esquizóide de “Ainda te queimas”, a lembrar coisas dos saudosos Repórter Estrábico.
Não vale a pena intelectualizar. Não estamos perante alta arte. Nem PZ o quer fingir, afinal continua a dar concertos de pijama. Estamos perante mais um disco bem-disposto, arejado, minimal mas muito divertido.
O homem, esse bicho estranho no século XXI, directamente do quarto de um gajo que curte brincar com sintetizadores e dar-nos umas pérolas de parvoíce, sabedoria e irrelevância em doses iguais.
Podia dar-lhe para pior. Nós gostamos.