Há canções que entram na nossa vida na adolescência e que permanecem enquanto crescemos e nos tornamos adultos, como lugares longínquos onde nem a memória do dia a dia visita. Canções que, volta e meia, ouvimos em segredo, porque temos vergonha de ouvir em público: os guilty pleasures, cheesy hits, canções que ninguém se lembra, clássicos intemporais que duraram 15 minutos, one hit wonders, guitarras carregadinhas de azeite, pop pastilha elástica, todas elas capazes de deixar qualquer melómano de cabelo em pé.
A MTV, que apareceu lá em casa nos anos noventa, abriu portas a um universo musical incrível, mas também trouxe muito joio que o tempo foi apagando (e bem). No entanto o cérebro, esse músculo incansável que nos orienta pela vida, optou por guardar algumas delas num baú escondido, armazenado, que é hoje aberto. Acompanhem-me nesta viagem pelas minhas referências mais descabidas, memórias obscuras e sobretudo embaraços dos quais, vá-se lá saber porquê, ainda sei a letra de cor e salteado. E tudo termina com uma canção linda, maravilhosa, maior que a vida.