Fui procurar o que era vetiver e (obrigado Wikipédia) descobri que era uma das múltiplas variações do capim. Basicamente, a vetiver é uma erva a esteroides que cresce até aos dois metros e se enterra até aos seis de profundidade. É difícil não vê-la. Acredito que Andy Cabic terá escolhido este nome para a banda não pela sua visibilidade mas pela sua ligação ao elemento terra. Ouvi todos os álbuns (à exceção do último; incluindo o de covers, que vejo como o melhor de todos) e acho que os Vetiver estão profundamente enraizados neles próprios – uma banda no final de uma tarde de sol, com uma ou duas cervejas e uma brisa de verão. Não desarmam daquele registo country-rock dos anos 70, aqui e ali pincelados com algumas modulações decalcadas dos Beatles (principalmente dos Beatles de George Harrison). O que não é necessariamente mau. Apenas é.
O To Find Me Gone é o segundo álbum dos Vetiver que Andy Cabic lidera com a mesma suavidade e bom gosto de Ray LaMontagne, embora lhe falte o carisma e o rasgo na voz do cantautor do Maine. Arranjos simples sobre uma linha acústica com floreados milimetricamente introduzidos para que as referências não saiam beliscadas. É verdade que arranca com a “Been So Long”, com um cheirinho quase psicadélico, mas o resto é uma sucessão de canções de formato clássico que ninguém consegue odiar. Destaco a “Idle Ties”, “I Know No Pardon” e a “Down At El Rio” (composta a meias com Devendra Banhart). Porque soam bem. Transportam-nos para bons sítios e bons momentos. Não ofendem o ouvido. E são tão calmas que devem ser usadas sem descrição – mas apenas como banda sonora. Consumida só de um trago, com todas as nossas forças, como se morrêssemos à sede sem ela, a música dos Vetiver pode levar ao enjoo fácil.