De curta duração, mas de folia pura. O EP de apresentação de Moodoïd é tudo o que a música psicadélica pretende ser. É etérea, viajante, ecléctica, multicultural e multifacetada, tropical e exótica, ora tranquila ora caótica. É tudo, em constante metamorfose. É a matéria de que são feitos os sonhos e as fantasias. É magia.
Pablo Padovani (Moodoïd), que também fornece os seus dotes de guitarra e teclados a Melody Prochet (Melody’s Echo Chamber), usa o francês para fazer uma declaração: que é possível chegar-se facilmente ao Olimpo. Inicia com a estonteante “Je suis la Montagne”, onde tudo nele é natureza e tudo é puro como a água. Onde as almas atingem um estado superior de consciência, onde a individualidade dos elementos é múltipla e, ao mesmo tempo, singular. Onde cada milímetro é parte integrante de algo maior, ainda que possua a sua própria significância. Na primeira canção do disco, tudo é simples e perfeito.
Feitas as apresentações, “La chanson du ciel de diamants” cobre o nosso intelecto de brilho e transparência cristalina, dando a tudo uma razão de ser e relaxando-nos para a autêntica festa que é “De folie pure”. São quatro minutos de pura celebração, de puro êxtase. E nunca cansa. A palavra “folie”, que aqui é usada para falar de amor, assume um significado duplo. Em português, “folia” é festa, é dança, é diversão. E a origem da palavra na nossa língua vem mesmo da francesa “folie”, que originalmente significa simplesmente “loucura”. Uma coincidência provavelmente inconsciente que não podia ser mais certeira.
Todo este EP é, em simultâneo, um elogio à insanidade e à lucidez ao qual é impossível ficar indiferente. Em Moodoïd tudo é fácil e divertido. O pequeno (mas quase-perfeito) disco finda com “Je sais ce que tu es”, uma ritmada brincadeira de crianças que acaba a deixar qualquer um com sede de mais música.
Moodoïd tem ainda um longo caminho a palmilhar, mas poucos se podem gabar de ser tão sólidos e cheios de qualidade nas primeiras quatro músicas da carreira e isso lhe devemos. Resta mencionar a sentida produção de Kevin Parker (ou deverei dizer Tame Impala?) e dar as boas vindas à França na Barca do Paraíso do neo-psicadelismo.