Maro atuou sexta-feira, em Lisboa. A sala estava cheia. De emoções, de boa música, de muito entusiasmo pela menina que vive entre Los Angeles e a nossa capital. Nesta noite, no entanto, Maro foi só para nós.
Maro pode ainda ser um nome desconhecido para muitos, mas é certamente uma promessa da música nacional. Mariana Secca é uma jovem de 23 anos, multi-instrumentista, compositora e interprete. Dona de um timbre singular, Maro já conquistou o coração de muitos artistas, como o do pai do rock português, Rui Veloso, mas também o de Luísa Sobral ou mesmo o de Carolina Deslandes com quem partilha a canção “Não Me Deixes” presente no seu mais recente álbum, Casa.
O percurso de Maro na música não é o mais tradicional. Quando era pequena começou a tocar piano, desde os quatro anos, mas sempre quis ser veterinária, deixando a música sempre para segundo plano. No entanto, um pouco mais tarde, recebe o apoio dos familiares, de organizações como a Gulbenkian e parte para a Berklee College Of Music em Boston, nos Estados Unidos.
É nesta fase da sua vida que o nome Maro começa a ganhar peso. A jovem artista inicia a publicação de uma série de vídeos na internet com colegas de todas as nacionalidades e a cantar canções de diversos estilos, desde MPB até às músicas pop mais conhecidas desse tempo. E é também nesta altura que começa a gravar o seu primeiro álbum, Maro, dividido em três volumes. Foram as músicas desse álbum que estiveram em destaque sexta-feira, no concerto de Maro em Lisboa, no Capitólio.
Maro subiu ao palco com quatro músicos, Carlos Miguel Antunes na bateria, Mário Franco no contrabaixo, Manuel Rocha na guitarra e Matilde Secca no coro, e não precisou de mais. A voz de Mariana, as suas harmonias, a facilidade com que toca guitarra, tudo isso encheu o palco do Capitólio e alegrou todas as pessoas que se encontravam na sala esgotada.
O alinhamento passou pelas três fases do álbum, lançadas entre Abril e Junho, “Maro – Vol. I”, “Maro – Vol. II”, “Maro – Vol. III. Todas estas fases são muito influenciadas por nomes como Joni Mitchell, Elis Regina, Milton Nascimento ou João Afonso, e contam com muitas participações de artistas estrangeiros, alguns deles com algum nome firmado na música, como Tó Brandileone, da banda brasileira 5 a Seco, na faixa “Conversas Com a Lua”, presente no primeiro volume.
A meio do concerto, o público recebeu fervorosamente a convidada especial que subiu ao palco (Carolina Deslandes), e esta cantou três temas com Maro, os primeiros dois “Adeus Amor Adeus” e “Não Me Deixes”, e o terceiro uma composição de Maro, “Páro Quando Oiço O Teu Nome”.
Mais canções foram tocadas ao longo da atuação, merecendo “menção honrosa” a canção escrita por Maro sobre a perda recente de um familiar, assim como uma canção que dedicou à sua mãe, com a mensagem de que “It Will Get Better”.
Ao fim de setenta minutos de concerto, Mariana brincou com o público, dizendo que “ainda não é uma grande artista” e que, por isso, o melhor seria avisar o público da sua intenção de fazer um encore, para seguidamente poder ausentar-se do palco por uns breves minutos, esperar por palmas, e só depois voltar. E assim foi, sendo recebida calorosamente pelo público, todo ele de pé.
Maro não é apenas uma promessa da música nacional e do mundo (a sua vivência no estrangeiro leva-nos a colocar as coisas nestes termos); Maro é uma certeza no panorama musical, e não seria de estranhar se, tal como Carolina Deslandes foi avisando, “ainda vai ganhar muitos Grammys”.