No ano de 2017, os três discos de Corona, conceptualizados, escritos e produzidos
a meias pelo produtor David Bruno (db) e MC Logos, estiveram em toda a parte: mas foi
principalmente o derradeiro final do percurso de três partes que explora a vida
da personagem tragico-cómica criada a meias por ambos, Cimo de Vila Velvet Cantina,
um álbum inspirado pelos “filmes para maiores de 18 anos da década 1970 e 1980: ora cetim, ora muito pêlo”, que assumiu o lugar de condutor na sua viagem pelo país. Por toda a parte, fãs que corriam para as grades, que cantavam todas as letras e que estendiam os braços ao já célebre personagem de palco – o Homem do Robe, figura fascinante que vagueia pelo palco de meias femininas enfiadas na cabeça. Mas talvez o tema que mexia mais nas entranhas dos jovens que se deslocavam onde quer que fosse para ver o conjunto fosse “Mafiando Bairro Adentro”: tema fácil de decorar e flexível mediante a localização do concerto – em cada lado, a frase-título seguia-se a bairros distintos, dependentes de onde se encontravam no momento.
É de um rasgo de genialidade inesperada executar sempre na perfeição, para delírio dos fãs, a mudança necessária para os aproximar cada vez mais da sua música. Mas não podíamos esperar mais do bizarro e maravilhoso conjunto, que encerrou a sua última viagem no Musicbox num concerto de despedida em abril deste ano.
