Quando “Mono No Aware”, maravilhosa compilação de alguns dos mais belos temas de ambient contemporâneos, foi lançado a março de 2017, Yves Tumor já era um nome com significado no seu nicho particular, especialmente após a edição do seu mirabolante “Serpent Music” em 2016. Mas quando surge de repente a terceira faixa do álbum, rouba-nos de novo os sentidos, munido de um arpejo hipnotizante que se estende ao infinito, embrulhado num ruído circundante que nos sabe a casa. É verdade que “Limerence” representa já uma espécie de desvio da rota traçada anteontem: tem, sim, voz humana, mas a sua interferência na composição é o oposto de melódica, pelo qual a consideramos não tanto uma parte inerente do tema, mas um obstáculo falhado à sessão de hipnose. A voz feminina que surge, ora doce, ora agressiva, ora insistente, parece falar-nos diretamente, pedindo-nos insistentemente para “say something”. Continuamos calados com os olhos presos a nada, perdendo-nos nas camadas deliciosas do arpejo de Yves Tumor. Não conseguimos responder, e ela, derrotada, desiste.