Em grupo, cada um ao seu íntimo, um concerto para ouvir com os olhos abertos mas sentir como se estivessem fechados.
O que já todos sabem, é que a Inês Matos começou a tocar guitarra sozinha aos 9 anos e rapidamente ficou fascinada pelo instrumento, pelo rock, e por Bruce Springsteen que é assumidamente a sua maior influência. Começou a ter aulas, a escrever e a tocar em bandas, e no final do secundário decidiu assumir a paixão e o caminho da música. Em 2018 já é a Inóspita a tocar a solo e o primeiro álbum acaba por acontecer, gravado na ilha de Porto Santo e lançado em 2022, com o mesmo nome.
O que não sabem, pelo menos quem ainda não a viu ao vivo, é que a jovem guitarrista sabe mesmo o que está a fazer. Chega aparentemente tímida ao palco, mas o som que tira da guitarra tem pouco de introvertido. É um som que ocupa espaço e gosta de pessoas, toca-lhes a pele ao passar, percorre a sala sussurrando-lhes sobre memórias esquecidas e caminhos por percorrer, antes de voltar às mãos seguras de onde saiu.
As canções são apenas à guitarra, facilitando a viagem e criação de cenários na nossa cabeça, assim sejamos capazes de nos deixar levar pelo dedilhar das melodias, enriquecidas com vários pedais de efeitos e a presença encantadora da Inês.
O alinhamento embala-nos com “Fofocas”, “O Retrato de Cid Rosa”, “Colinho”, os temas mais conhecidos do novo álbum E nós, Inóspita?, lançado o ano passado a 23 Setembro (curiosamente a data aniversário do “The Boss”). E sim, este trabalho inclui uma música que lhe é dedicada – Canção para Bruce.
A desacelerar o fim do roteiro, o tema “E Nós” é partilhado em palco com a doçura de Ana Lua Caiano, pelo que regressamos a nós mais quentes, sem querer ir embora. Em boa altura, num último encore, ainda nos é oferecido um tema com Chinaskee no palco, antes de fechar este concerto de apresentação com muitos agradecimentos, porque “um disco a solo é muito solitário, mas é preciso muita gente para fazer tudo acontecer”.
Obrigada nós, Inês.








