Lu·mi·nous – radiating or reflecting light; shining; bright. Irradiação de luz, brilho. Toda esta definição do termo Luminous, nome do mais recente trabalho dos britânicos Horrors parece espelhar a essência do disco. Por todas as músicas paira uma aura brilhante, desde a suavidade dos sintetizadores de “First Day of Spring”, ao estado quase onírico de “Sleepwalk”.
Quando no fim de 2012 os Horrors anunciaram que estavam em estúdio a trabalhar no disco agendado para o outono de 2013, muitos questionaram se este novo trabalho poderia alcançar o êxito de Skying, ou até ultrapassá-lo. Luminous surgiu, enfim, depois de um adiamento, que o vocalista (Faris Badwan) caracteriza como essencial para produzir um disco de qualidade, com a sonoridade que a banda pretendia.
“I See You”, a primeira música dada a conhecer ao público serviu-nos de cartão de visita deste novo disco, seguida de “So Now You Know”. À primeira, nota-se que o som parece mais polido, brilhante e épico. Contudo, parece-nos que os Horrors se mantêm num registo semelhante ao disco anterior. “So Now You Know”, não deixando de ser um tema belíssimo, demonstra uma certa parecença com outras músicas da banda, maioritariamente na secção rítmica. O baixo (Rhys Webb) e a bateria (Joe Spurgeon) soam-nos a algo que já ouvimos e já foi feito pelo grupo noutros temas, o que não favorece inicialmente o disco.
Apesar desta similaridade, os Horrors conseguiram subir um patamar, e inovar o seu som. “In and Out Of Sight” é uma nova experiência para a banda, onde somos afogados numa onda de sintetizadores que tentam engolir a voz de Faris. Toda a esta miscelânea é ao mesmo tempo de uma intensidade avassaladora e demonstrativa da possibilidade de desenvolvimento e crescimento do som da banda.
“First Day of Spring” reflete, no decorrer dos seus 5 minutos aquilo que está a faltar à nossa primavera: alegria. A segunda faixa do disco apresenta um riff inicial que poderia facilmente ser atribuído aos Tame Impala. É um óptimo exemplo de como os Horrors usaram o melhor dos discos anteriores para evoluir.
Luminous demonstra a versatilidade enorme dos Horrors. Desde temas épicos, passando por alguns com uma aura mais psicadélica, também encontramos uns com uma estrutura mais pop. “Falling Star” é a que mais se aproxima de um registo pop, pela sua estrutura, e não tanto pela sonoridade, que nos remete para um Primary Colours sonhado e reinventado numa música, juntamente com “Jealous Sun” e “Mine and Yours”.
“Change Your Mind” apresenta-se como a balada sentimental cliché que parece imperiosa em todos os discos da atualidade. Sejamos sinceros: a voz de Badwan não é a ideal para este registo, e os Horrors deveriam considerar deixar de fora estes temas; mas ainda assim, conseguem fazer um trabalho exímio: com todos os ingredientes para falhar, a banda apresenta um tema excelente.
A fechar o quarto disco dos Horrors temos “Sleepwalk”, tão sonhadora quanto terrena; um resumo do disco. Luminous e toda a sua essência parece contida neste brilhante tema, que nos faz desviar os olhos de tão forte é a luz que emana. Com as texturas psicadélicas que ecoam pelos disco refletidas no instrumental desta música, temos os novos Horrors, mas os mesmos de sempre: os que não têm medo de experimentar e evoluir, sempre conscientes do trabalho que fizeram, e ainda podem fazer. Os Horrors não saltaram para fora da caixa; estiveram sempre fora dela.