Formados em Castelo Branco em 2002, os Norton que no começo de novembro tocam no Centro Cultural de Belém, na capital, são uma banda com tarimba, estrada e personalidade. Lançaram quatro álbuns de originais, diversos EP, discos de remisturas. Foram ao Japão mostrar a sua pop que o tempo tem adocicado – antes de voltarem aos palcos em Lisboa, o baterista, compositor e fundador Rodolfo Matos respondeu a algumas questões do Altamont.
Altamont (A)- Os Norton já têm uma carreira estabelecida, público, discos, continuidade, palco. Que objetivos têm para o médio prazo? Vês a banda com vitalidade e química para continuar unida quando tiverem por exemplo 50 anos?
Rodolfo Matos (RM) – O objectivo principal é fazer música nova, sempre. Estamos juntos há 15 anos como Norton e há 20 como amigos que tocam juntos, e estaremos muitos mais certamente. Sentimo-nos bem juntos e adoramos fazer música. Neste momento queremos acabar o disco novo, lançá-lo e começar uma nova digressão.
A – Que fase vivem os Norton atualmente? Este concerto surge como fim de ciclo, antecipação de uma pausa, preparativo para novas gravações?
RM – Este concerto surge mesmo como fim de ciclo. O [último] disco já é de 2014 e ainda estamos muito orgulhosos dele. Trouxe-nos coisas fantásticas, levou-nos ao Japão. Curiosamente, é algo que nunca fizemos com os discos anteriores. Acabavam os concertos e, pronto, começávamos logo a pensar noutro mais a sério. O disco novo está avançado e estamos cheios de vontade de o terminar e de o gravar, mas para isso necessitamos mesmo de fechar este ciclo. Aconteceu “cair” na altura em que fazemos 15 anos e achámos que faria sentido festejar este momento com as pessoas.
A – Saudades. O que é que ficou lá atrás e te deixa maiores saudades? Lembro-me de há uns tempos estar a falar com uns amigos do Clinic [bar em Alcoçaba que era pertença de Nuno Gonçalves, dos The Gift], por exemplo, onde os Norton foram presença habitual. Do que é que tens mais saudades de quando eras mais ingénuo musicalmente? E na vida, vá.
RM – Pergunta difícil. O Clinic é certamente uma das coisas de que temos mais saudades. Foi marcante para nós, fizemos amigos para a vida lá. Assim de repente, lembro-me da plataforma MySpace que nos abriu muitas portas. Mas, acima de tudo, acho que do que temos mais saudades é de momentos, dos concertos da digressão europeia, de que nos lembramos como se fosse hoje, e das pessoas que infelizmente já não estão connosco. Gostamos de olhar para trás, mas sendo muito sincero acho que preferimos muito mais pensar no futuro. Estamos cheios de ideias novas para o nosso futuro.