Os Evols foram ao sótão da Casa Capitão mostrar The Ephemeral num recital rock celestial.
Editado no fim de outubro, The Ephemeral é o quarto disco do colectivo nortenho que não deixa confundir maturidade com estagnação e aborrecimento. Como o título sugere, e como nos avançaram na conversa que tivemos há pouquíssimo tempo, os oito temas foram compostos à volta de uma nuvem crescente de impermanência que parece ir cobrindo os mais diversos aspetos das nossas vidas.
A música da banda parece, no entanto, ir no sentido oposto, furando a neblina do descartável como uma luz viciante que nos obriga a continuar a ouvir e a ir descobrindo contornos, reflexos, sombras e padrões que se vão desenhando a cada audição. Não se trata, de todo, de um disco difícil de entrar, mas corre o risco de passar (injustamente) despercebido se não nos deixarmos encantar. The Ephemeral foi tocado na sua íntegra, com alguns temas mais antigos de entremeio – principalmente de III (2020).
O trio de guitarras na dianteira, a transbordar dos limites do palco, deu o mote a um recital onde os Evols chegaram a octeto – com a participação de Rodrigo Amado no Sax e de Calcutá nas vozes. Rock psicadélico com fortes tonalidades progressivas, sensibilidade pop quanto baste e uma certa irreverência jazzística numa cadência crescente que deixou muito pouca gente (se é que alguém) imóvel.
As brasas da noite no sótão da Casa Capitão foram acesas pelo intimismo e pelas belas sonoridades que Calcutá extraiu primeiro do harmónio e depois da guitarra para acompanhar a sua doce e profunda voz. Com uma carreira com mais de dez anos, Teresa Castro prepara-se para lançar Soon After Dawn no início de 2026 (23 de janeiro) pela recém criada Ovo Estrelado!
Fotografias: Rui Gato


























