Indiferença. Apatia. Elliott Smith conhecia estas palavras, desenhando-as canção atrás de canção, exacerbadas pela dura depressão vivida em Los Angeles. Ora, o ponto alto dessa melancólica definição é “Everything Means Nothing To Me”.
Pouco mais de dois anos antes de morrer com duas facadas no peito, sendo a autópsia inconclusiva sobre se foi ou não suicídio, Elliott preparava as canções de “Figure 8”, o seu quinto disco.
Segundo o produtor que o acompanhava, David McConnell, o músico andava a ter na altura uma série de ataques psicóticos. “Ele estava triste com o estado da sua vida. Muitas pessoas da editora zangavam-se com ele, dizendo que ele tinha de se recompor. Ele estava farto de ter as pessoas a falarem do futuro, e só o futuro”, descreveu McConnel.
Durante uma noite de estúdio, conta o produtor, Elliott Smith pegou numa faca e ‘escavou’ no braço três letras: NOW (“agora”, em inglês). “Depois, ele sentou-se ao piano e, enquanto o sangue pingava do braço, escreveu a “Everything Means Nothing to Me”.
E assim nasceu uma das maiores canções do novo milénio, do nada. Da indiferença.