Boa noite nós somos o diabo na cruz, diz o Jorge, também cruz, nas boas vindas ao São Jorge. Muita gente, sala quase esgotada, para ver o primeiro grande concerto em Lisboa.
O grupo é o Jorge Cruz, Bernardo Barata, B Fachada, João Gil e João Pinheiro, cada um deles já com trabalhos e vários anos de música. A música que fazem está entre o rock punk e o lore, folclore, tradição lusitana. Alguém classificou esta banda como “quinta do bill meets zeca afonso”. Também é uma boa definição. Há várias definições, mas isso não é o que interessa. Interessa sim o som que resulta dali, músicos com passados e contextos musicais diferentes, com uma ideia mais ou menos definida, e com o firme pensamento de Há Meninas à Espera Vamos Lá Pôr Isto a Andar.
Já conhecia o disco, e já tinha visto ao vivo no Musicbox, mas o concerto de ontem superou tudo isso. Tocaram músicas novas, e também as do disco, donas ligeirinhas e afins, e mostraram que estão aí, chegaram.
Pelo que me pareceu ontem, este diabo pode ir longe, tem o potencial para se tornar um caso sério. Pegam na tradicionalidade lusitânica juntam-lhe guitarras frenéticas, umas teclas versáteis – às vezes fazia lembrar “Riders on the Storm”, outras lembrava quase Daft Punk. A bateria é a convencional, mas depois tem um enorme bombo, rufo, cujo som faz lembrar tempos medievais.
E o som que do palco sai às vezes leva-nos a esses tempos, idade média, tiro com arco, bobos da corte..
Essa lusitanidade é muitas vezes transformada em puro rock, seattle anos 90, londres anos ’70, ’80, 2030…
O que me faz elevar o diabo na cruz a superbanda é não só a qualidade e a agradibilidade da música, mas também é a versatilidade, não se fecham num só conceito, e querem inovar. Mesmo que não inovem na música em geral – eu acho que sim, poucas coisas terei ouvido na vida que me soassem assim – inovam na sua música. No concerto de ontem percebi isso com duas ou três músicas novas.
Deixo, portanto, a recomendação de uma boa banda, um bom projecto, que pode vir a bem maior e deixar marca.
Diabo na Cruz – São Jorge – 03.03.2010
Duarte Pinto Coelho
Nasci numa terça-feira de sol em Dezembro e reza a lenda que, nesse dia, o sino da igreja matriz tocou ininterruptamente durante uma hora. Autor de excelentes mixtapes gravadas da rádio, fui também exímio tocador de congas e arrependo-me bastante de não ter seguido carreira como músico. Tentei então ser jornalista mas foi como locutor que encontrei a melhor forma de fingir que não tenho um problema de dicção com os L (èles). A chegar aos 40, não me lembro de alguma vez ter passado um dia sem ouvir música. O meu maior desejo é que toda a gente use bigode e não diga mentiras.
Share This
Previous Article
The Fiery Furnaces - Santiago Alquimista - 26.02.2010
Next Article
Quando a música for uma ciência exacta, avisem!
bandidos
Ehehehe sempre exagerado, Dudu…
superbanda… por amor da mãezinha. haja paciência.