Arrancou ontem a 12ª edição do Doc Lisboa – Festival Internacional de Cinema, dedicado ao documentário. Este ano está espalhado por salas como o Cinema Ideal, Cinemateca Portuguesa, São Jorge, Culturgest e Cinema City Campo Pequeno, com extensões no Lux e Cine-Teatro da Academia Almadense. Até dia 26, são exibidos 250 filmes, incluindo 40 estreias mundiais e internacionais.
Hoje começam as sessões na nossa secção preferida – Heart Beat, secção paralela do festival, inteiramente centrada na música. Entre os principais destaques deste ano encontramos o filme sobre Elliot Smith e o documentário dos Pulp, mas há muito mais. Deixamos abaixo a programação desta secção (o restante programa e informações úteis podem ser consultados aqui).
– FADO CAMANÉ, Bruno de Almeida
Sessão de Abertura Heart Beat: 17 OUT / 19.00, São Jorge – Sala Manoel de Oliveira (ESTREIA MUNDIAL)
Documentário sobre Camané no processo de criação de uma obra essencial do fado, revelando um rigoroso trabalho de procura que o leva a atingir a perfeição em cada nova interpretação. Camané fala-nos da tradição oral desta música, da escolha dos poetas, de aprender a sentir e sobretudo de descobrir o registo próprio que lhe permite passar a “verdade”.
– HEAVEN ADORES YOU, Nickolas Rossi
18 OUT / 22.30, São Jorge – Sala Manoel de Oliveira //25 OUT / 00.00, Cinema Ideal)
Fazendo a música de Elliott Smith atravessar as paisagens densas e, no entanto, frequentemente isoladoras das três grandes cidades onde viveu – Portland, Nova Iorque e Los Angeles – Heaven adores you é uma viagem visual e uma revisão séria da prolífica escrita de canções do cantor e do impacto que continua a ter.
- JOURNEY TO JAH, Moritz Springer, Noël Dernesch
17 OUT / 23.15, C. City Campo Pequeno – Sala 3
25 OUT / 22.00, São Jorge – Sala Manoel de Oliveira
Uma fábula da procura e da descoberta de um lar espiritual numa cultura estrangeira, a qual acompanha as pessoas que estão ligadas pela música. Os realizadores passaram sete anos a seguir dois artistas de reggae incomparáveis, o alemão Gentleman e o italiano Alborosie, na sua busca de autenticidade, longe das sociedades consumistas ocidentais, na Jamaica.
– NITSA 94/96: el Giro Electrónico, Alex Julià
18 OUT / 23.30, C. City Campo Pequeno – Sala 3 //25 OUT / 23.30, City Campo Pequeno – Sala 3
Um retrato dos pioneiros da música electrónica em Barcelona. Um clube que abriu a porta a Darren Emerson, Laurent Garnier, Jeff Mills, Derrick May, Slam e Carl Craig e se tornou no pilar da cena em Espanha e na semente de um dos festivais mais importantes do mundo, o Primavera Sound.
– DOMINGUINHOS, Joaquim Castro, Eduardo Nazarian, Mariana Aydar
19 OUT / 19.15, C. City Campo Pequeno – Sala 3 (ESTREIA INTERNACIONAL)
Através de material raro e precioso e concertos com grandes artistas como Gilberto Gil, Gal Costa, Hermeto Pascoal, Djavan, Nara Leão e Luiz Gonzaga, entre muitos outros, Dominguinhos revela este génio da música brasileira, criador de um trabalho profundamente autêntico, universal e contemporâneo, valorizando a experiência sensorial cinematográfica.
– ON ANIMAL LOCOMOTION, Johan van der Keuken
19 OUT / 18.45, Culturgest – Pequeno Auditório
O filme fazia parte do projecto Hexagon, de Frank Scheffer, no qual seis realizadores holandeses se inspiravam num trabalho de um compositor holandês. Van der Keuken escolheu uma peça de Willem Breuker, que compora a música para quase todos os seus filmes desde 1967. O título refere-se ao trabalho do famoso fotógrafo Edward Muybridge (1830-1904).
– DE TIJD, Johan van der Keuken
19 OUT / 18.45, Culturgest – Pequeno Auditório
O ponto de partida para este filme é De Tijd, composição de 1981 do holandês Louis Andriessen. Van der Keuken deixa a música intocada enquanto banda sonora autónoma e coloca as imagens numa espécie de batalha com a música. Essas imagens são associações, fragmentos de acontecimentos, cenas e situações. O filme é precedido por um texto de Bert Schierbeek.
– BIG BEN: BEN WEBSTER IN EUROPE, Johan van der Keuken
19 OUT / 18.45, Culturgest – Pequeno Auditório
Ben Webster é uma das grandes figuras do jazz americano. Tocou saxofone alto com praticamente todas as grandes orquestras dos anos 1930, incluindo a de Duke Ellington. Passou uns anos a viajar pela Europa até fazer uma pausa temporária em Amesterdão. A câmara de Johan van der Keuken segue-o nas suas deambulações pela cidade.
– ILUSÃO, Sofia Marques
20 OUT / 19.00, São Jorge – Sala Manoel de Oliveira (ESTREIA MUNDIAL)
Luis Miguel Cintra, actor, encenador e director da companhia Teatro da Cornucópia, encenou, no início de 2014, o espectáculo Ilusão, a partir de textos de Federico García Lorca. Mais do que engano dos sentidos ou utopia desfocada, a ilusão que percorre este filme prende-se com o sonho, o desejo, a vontade, a fantasia e as suas possibilidades de concretização.
– PULP: A FILM ABOUT LIFE, DEATH & SUPERMARKETS, Florian Habicht
23 OUT / 23.00, LUX FRÁGIL
Os Pulp mudam-se para Londres à procura de sucesso. Alcançam fama mundial, nos anos 1990, com hinos como Common People, Disco 2000 e Babies. Em 2012, regressam a Sheffield para o seu último concerto no Reino Unido. Fazendo a melhor interpretação da carreira em exclusivo para o filme, a banda partilha pensamentos sobre fama, amor, mortalidade e manutenção automóvel.
– BAAL, Volker Schlöndorff
23 OUT / 19.30, Culturgest – Grande Auditório
Adaptação da primeira peça de teatro de Bertolt Brecht, escrita em 1918, com 20 anos, em reacção a um drama de Hanns Johst sobre a vida do poeta Grabbe. O filme conta com o desempenho extraordinário de Rainer Werner Fassbinder.
– DIE GENERALPROBE, Werner Schroeter
23 OUT / 16.15, São Jorge – Sala 3 // 23 OUT / 21.30, Cine-Teatro da Academia Almadense //
25 OUT / 21.15, São Jorge – Sala 3
Werner Schroeter constrói uma visão única do Festival de Teatro Experimental de Nancy, em França, colocando o foco em “experimental”. Trata-se de uma montagem vívida de cenas diferentes, como entrevistas do artista ou com um antigo professor, comentários e representações que se tornam ainda mais fascinantes com o acompanhamento musical apropriado.
– MAURIZIO POLLINI, DE MAIN DE MAÎTRE, Bruno Monsaingeon
24 OUT / 22.15, Culturgest – Pequeno Auditório
25 OUT / 14.00, Culturgest – Pequeno Auditório
Retrato único do famoso pianista italiano, o filme cobre a sua experiência musical, da competição de piano Chopin à música de vanguarda, as pessoas com quem se cruzou, incluindo Abbado, Böhm, Kleiber e Boulez, o seu repertório (de Bach a Verdi, Schoenberg, Boulez e Luigi Nono) e o seu empenhamento político, em Itália, durante os “Anos de Chumbo”.
– PRESTO, PERFECT SOUND, Manon de Boer
24 OUT / 22.15, Culturgest – Pequeno Auditório
25 OUT / 14.00, Culturgest – Pequeno Auditório
De Boer filmou George van Dam a tocar a sonata para violino solo Presto, de Béla Bartók, seis vezes. Deu-lhe as gravações de som e pediu-lhe que reconstruísse a peça para ficar perfeita. Depois, sincronizou a imagem com esta banda sonora. Ao permitir que a sequência sonora ditasse a imagem, De Boer inverte o domínio tradicional da imagem sobre o som no cinema.
– THE 78 PROJECT MOVIE, Alex Steyermark
24 OUT / 22.15, São Jorge – Sala Manoel de Oliveira
Inspirado pelo estudioso do folclore Alan Lomax, este projecto inovador celebra a arte e a técnica que capturaram as formas musicais autênticas americanas. Uma viagem pela América, para fazer discos de 78 rotações únicos com músicos nas suas terras, usando um gravador Presto dos anos 1930. Com um microfone. Com um disco virgem. Num take de três minutos. Entre outros, John C. Reilly e Tom Brosseau, Gaby Moreno e Adam Levy, Holly Williams e Chris Coleman, Ben Vaugh, John Doe e Victoria Williams.
– SEQUENZA, Manon de Boer, George van Dam
24 OUT / 22.15, Culturgest – Pequeno Auditório
25 OUT / 14.00, Culturgest – Pequeno Auditório
Sequenza é um projecto cinematográfico experimental de Manon de Boer e George van Dam, baseado na composiçãoSequenza VIII para violino solo, de Luciano Berio.
– BERLIN, Julian Schnabel
Sessão de Encerramento Heart Beat: 26 OUT / 22.00, São Jorge – Sala Manoel de Oliveira
A encenação de Berlin foi discutida durante mais de 30 anos e, em 2006, tornou-se realidade. Usando a cidade dividida de Berlim como pano de fundo, a história de Caroline e seus amantes é contada nas palavras emocionantes e provocadoras de Lou Reed. Com um hotel de paredes esverdeadas como cenário e com os filmes de Lola Schnabel, a experiência é devastadora e bela.