Depois de Fausto ter decidido juntar à sua voz a de Zeca Afonso para, juntos, cantarem o poema de Eugénio de Andrade, tornou-se difícil imaginar que mais alguém pudesse atrever-se a replicar um momento tão harmoniosamente belo – não fosse esta celebração da realidade onírica uma das mais belas formas que a música popular portuguesa toma.
Dizem que a imitação é a melhor forma de elogio. O que dirão da reinterpretação? David Santos conseguiu homenagear, da melhor forma, esta canção, ao dar-lhe tal limpidez na voz, que se eleva o que de maior ela contém: o poema. E fê-lo com respeito absoluto tanto pela sua identidade enquanto Noiserv, como pela versão original do tema.
Se, ao compor esta canção, Fausto Bordalo Dias cunhou nela a sua identidade, também Noiserv decidiu manter-se fiel à sua matriz nesta interpretação. Ainda bem que assim foi, em ambos os casos.