Parte importante da missão do Altamont é revelar artistas novos ou trazer a novos públicos artistas relevantes que, por um motivo ou outro, não têm a atenção que merecem. É este o caso de Lee Hazlewood: cantor, compositor, actor e produtor, que fez alguns dos discos mais interessantes dos anos 60 e 70. Lee, que faleceu em 2007, criou e aprimorou o que foi apelidado de som «psicadelismo cowboy», embora as suas raízes tenham sido sempre mais tradicionais e convencionais do que o experimentalismo psicadélico. Dono de uma estrondosa e profunda voz que, juntamente com o omnipresente bigode, formaram a sua imagem de marca, Hazlewood fazia uma espécie de country alternativo, sempre com pelo menos um pé bem fincado em terrenos profundamente pop. O maior exemplo disso mesmo foi o seu longo trabalho de parceria com Nancy Sinatra, com quem gravou vários discos muito bem sucedidos nos EUA. Foi da pena de Lee Hazlewood que surgiu este «Summer Wine», tal como o grande sucesso de Nancy, «These Boots Are Made for Walking», que chegaram a gravar juntos. O contraste entre a voz de ambos seria o segredo para tão profícua parceria.
Todos os discos de Hazlewood – sobretudo dos anos dourados 60 e 70 – surgem encharcados numa espantosa produção, com a voz de Lee à frente de tudo, comandando com uma autoridade à prova de bala. O resto são cordas, guitarras acústicas, pandeiretas e slide guitar. Um artista genial a implorar para ser mais conhecido. Para tal, deixo-vos aqui o conselho: a impecável editora Light in the Attic acaba de lançar Lee Hazlewood Industries, uma óptica colectânea do seu trabalho entre 1966 e 1971. Uma excelente porta de entrada para o mundo mágico e curioso de Mr. Hazlewood.