Quatro almas e uma confusão de maré viva. É a melhor forma de descrever o produto catatónico da banda neo-soul australiana conhecida por Hiatus Kaiyote. E Molasses é precisamente isso – um desalinho constante, uma desarrumação de ciclone, uma fúria de partir pratos e destruir mobília, e, como por milagre, simultaneamente tecida por uma ordem de mestre.
E a música ergue-se precisamente sob esse mesmo paradoxo: surge como uma rajada de vento, muda e transforma-se com um piscar de olhos, assola-nos e arrebata-nos a cada esquina com novas surpresas – e mesmo assim mantém uma organização imaculada, certeira e de quem sabe o que faz. Uma selva arrumadinha.