Foi em Heremakono (2002), esplendoroso filme de Abderrahmane Sissako, que conheci “Djorolen”. Canção retirada do disco de 1996, Worotan, com selo da mui respeitável World Circuit Records, tem em disco e em filme o papel de culminar. Não o culminar extático e apoteótico, mas um culminar que nos apaga o tempo, que nos deixa uma sensação avassaladora de caminho infinito e aberto. Sentimos-lhe o deserto, ajudando-nos a placidez das dunas e do fluir envolvente das notas a aguentar as noites quentes destes dias. Oito minutos de música sem um único destaque senão a serenidade dos três instrumentos que percorrem a faixa do início ao fim: a voz tranquila e apaziguadora da cantora maliana Oumou Sangaré, o sopro tórrido e a guitarra luminescente. Para ouvir ao final de um dia de Julho ardente, de suor sem fim, de sonhos de mil noites de Verão.
Djorolen – Oumou Sangaré
