O Unplugged dos Nirvana é o clássico que marcou a série, mas o dos Alice in Chains não foi menos intenso e dramático. Gravado em 1996, dois anos depois da morte de Kurt Cobain, foi um dos últimos momentos de Layne Staley com o grupo antes de um hiato que viria a encerrar com a morte do cantor, em 2002 – no mesmo 5 de abril que Cobain escolheu para morrer, anos antes, diga-se em jeito de curiosidade mórbida.
A certa altura da atuação para a MTV, Staley diz que é o melhor concerto que os Alice in Chains davam em três anos. Da plateia, um mais ousado espetador atira: «Layne, it’s the only one.» O momento é giro e um raro espaço de luz numa atuação negra e densa.
Quase sempre de óculos escuros, nitidamente desgastado física e mentalmente de anos e anos de drogas e rock n’roll em excesso, Staley rouba o protagonismo. Justiça seja feita, não é só o aparato – a voz foi única e, mesmo nos momentos mais dramáticos de vida, esteve lá sempre a guiar as cantigas dos Alice in Chains.
«Nutshell» abriu o Unplugged. Um a um, os músicos entram em palco. Solidão e desespero e uma grande, grande canção.