O ponto mais alto de Facelift é “Love, Hate, Love”, que vai crescendo devagar até toda a lava de sentimentos contraditórios se derramar no refrão: amo, odeio, amo outra vez. Não são as palavras que nos comovem (muitas vezes, elas escapavam-nos), é a voz trémula e torturada de Staley, sofrendo cada sílaba que enuncia. Mais do que uma estética A ou B, é esta profundidade emocional que define o grunge, este extravasar intenso de tristeza e raiva e confusão, esta antítese absoluta da superficialidade do hair metal. Para nós, então adolescentes, era maná que nos caía do céu: sentíamo-nos finalmente compreendidos e tínhamos finalmente uma música só nossa, que os nossos irmãos mais velhos não compreendiam. Que sorte foi a nossa, é o que vos digo.