A estreia de Bob Dylan na composição de bandas sonoras, gravado entre o México e a Califórnia, envelheceu bem, tornando-se num disco simples, mas capaz de nos transportar ao Oeste sem Lei
É verdade que não há segunda oportunidade para causar uma boa impressão. Também não deixa de ser avisado que nem sempre as primeiras impressões são as mais acertadas. Um olhar de soslaio, uma má escolha de indumentária ou, apenas, um mau momento podem gerar resistências e antipatias, até falsos juízos de valor. Assim se conta a história de Pat Garret & Billy the Kid (Soundtrack from the Motion Picture), o décimo segundo disco de Bob Dylan.
Com três anos passados do seu anterior trabalho, no regresso aos originais em 1973 Dylan voltou a surpreender. Desta vez, não por ter eletrificado a guitarra, mas antes pela calmaria musical, por ter abdicado da letra na maioria das canções, afinal a marca mais vincada da sua imagem.
Se a transição da guitarra acústica para a elétrica causara polémica – uma versão hippie do fenómeno mais recente, quando vimos multidões a reclamar “Make Kanye Great Again” – a passagem para o banjo foi mais pacífica, mas nem por isso bem recebida. Um disco “amador” chamou-lhe a Rolling Stone. Mas, nem sempre as primeiras impressões – ou as mais imediatas – se revelam as mais acertadas.
A estreia de Bob Dylan na composição de bandas sonoras, gravado entre o México e a Califórnia, envelheceu bem, tornando-se num disco simples, mas capaz de nos transportar ao Oeste sem Lei, em que sobram músicas tão belas quantos envolventes, bem trabalhadas ainda que em registo quase sempre minimalista e ainda assim com uma música que se faria, algo, conhecida: “Knockin on Heaven’s Door”.