O eclético Fusing Culture Experience está, mais uma vez, prestes a dar vida nova à cidade da Figueira da Foz. Com um cartaz recheado de grandes nomes da música nacional e com uma oferta de actividades que vai desde os desportos radicais à culinária, fomos perceber melhor como surgiu e se mantém este festival tão diferente de todos os outros. As respostas foram interessantes, mas não há nada como verem por vocês mesmos!
Altamont: Por que razão criaram o Fusing?
Fusing Culture Experience: Quisemos trazer algo de novo. Trazer algo inédito não só na Figueira da Foz, não só no centro do país, mas em Portugal inteiro. Combater o paradigma do festival de música e da barraca da cerveja, sem acrescentar algo fresh. Quisemos pôr em prática os saberes e experiências de um grupo de amigos na criação de algo maior e memorável, uma verdadeira experiência.
O que é que sentiram que pode vir a acrescentar aos festivais de música já existentes em Portugal?
Como referi anteriormente, a maior parte dos festivais em Portugal é música e cerveja. Muitos deles com cartaz quase idêntico. Sabíamos que estas quatro áreas resultavam muito bem em cenários isolados. Arriscámos e fizemos este casamento polígamo. E correu melhor do que pensámos.
São o único festival em Portugal que tem uma praia no próprio recinto. Não temem que isso prejudique os músicos e a quantidade de gente nos concertos?
O excesso de oferta não é algo prejudicial, no nosso entender. Nem se trata de excesso, pois excesso tem aquela conotação negativa. Cada coisa no seu lugar e a seu tempo. Queremos agradar um grande número de pessoas diferentes, e isso envolve criar condições que agradem isoladamente nichos específicos, ao mesmo tempo que muitas das atividades são de agrado das massas.
Em que é que vai consistir a vossa oferta no que aos trabalhos artísticos que vão ser feitos no evento diz respeito?
A par da edição de 2013, algumas das paredes e murais da Figueira da Foz vão ser intervencionados por artistas urbanos. Este ano contamos com os romenos Aitch e Saddo e os portugueses Pantónio e Tamara Alves para enfeitar as paredes da cidade. Por outro lado, temos vários workshops de fotografia, vídeo, scratching, B-boying (Breakdancing para os mais antigos) na nossa garagem das Artes. Dentro de cada uma das áreas tentamos ser o mais transversais possível.
Olhando para o cartaz do Fusing, há um equilíbrio evidente entre os 3 dias, mas existe algum em específico que esperem ter mais afluência? Se sim, qual e porquê?
Esse equilíbrio é uma nossas linhas que nos guia na hora de traçar um cartaz. Se nos aventurarmos na futurologia, talvez dia 16 seja o que apresenta maior afluência, uma vez que é fim de semana.
Vamos ter no Fusing alguns dos músicos e bandas portugueses mais relevantes e mais reconhecidos do Presente. Há essa vontade de mostrar que a música portuguesa está viva e recomenda-se?
Acho que o pai de todos, António Variações, ficaria orgulhoso desta geração de ouro da música portuguesa. Todos os artistas que sobem ao palco do Fusing têm um elevado nível de talento que seria um crime não contar com eles em qualquer festival em Portugal. Tentamos ter esse papel de impulsionadores, mas com artistas como os nossos, a nossa tarefa torna-se muito fácil.
Muitas vezes, a oferta gastronómica é relegada para segundo plano nos festivais. Podemos esperar do Fusing uma atenção diferente a esse aspecto?
Sem dúvida. Nada contra, mas fugimos do plano de introduzir cadeias de fast food dentro do nosso recinto. Procuramos sempre projectos diferentes, adeptos de uma dieta cuidada mas deliciosa. Sabemos que as refeições fazem parte da Experiência, por isso tanto o Cooking Lounge Pingo Doce como a zona de restauração foi pensada ao milímetro.
Do território rock ao hip-hop, da electrónica ao jazz, a oferta parece variada e heterogénea. Não temem que isso não traga uma identidade facilmente reconhecida ao festival? Ou acham que, pelo contrário, torna-o mais abrangente e difícil de rotular?
A nossa identidade é a variedade, é o leque de opções, é o apontar para várias direções. E no caso da música, o discurso não é diferente. Apoiamos com garras e dentes a música portuguesa e os talentos emergentes internacionais que achemos que têm aquela etiqueta “isto casava bem no Fusing”.
É regular haver discussões sobre se os festivais de música, ao proporem uma oferta que vai para além da própria música, não acabam por perder alguma da sua essência e foco. Como é que vocês se posicionam nessa discussão?
A nossa essência é termos um foco maior. É a nossa chave, a nossa identidade, a nossa oferta. Seria como fugirmos de nós próprios. Este processo de nos reinventarmos sistematicamente é, a nosso ver, a chave para o sucesso.
Acham que é possível conciliar tudo sem perder nada? Se estamos aqui, é porque acreditamos que isso é possível. E podem contar com a nossa força e vontade, ano após ano, para fazer crescer este peixe que é a melhor Experiência deste Verão.