Terceiro álbum da cantautora neo-zelandesa mantém a toada que lhe trouxe reconhecimento generalizado.
Apesar de não termos lançado crítica ao álbum aqui no Altamont, Party foi devidamente escutado durante o ano de 2017 e foi ficando a marinar desde então. Importa também referir que Harding fica intimamente ligada ao ano de 2018 por ter “contribuído” para que Marlon Williams se saísse com Make Way For Love, onde Harding participa como vocalista numa música, para além de grande responsável pelo coração partido de Marlon. O seu nome ficou assim no radar, tendo agora sido logo agarrado à primeira para não escapar a ser alvo de palavras nossas sobre o mesmo. Elas aqui ficam.
Comecemos pelo single, lançado, como é moda nos tempos que correm, dois meses antes do álbum – “The Barrel” são 5 minutos de uma bela balada, mostrando a subtileza que Harding impõe às suas composições. Subtileza é mesmo capaz de ser a palavra-chave para adjectivar este Designer, que discorre ao longo de 40 minutos com tranquilidade. Quiçá tranquilidade a mais, talvez falte um pedaço de intensidade que o faria agarrar mais ao tímpano, mas o jogo entre timbres de voz que Harding alcança são vistosos e evidentes, em cada música parece que uma personagem diferente entra em jogo. Em entrevista, a neo-zelandesa avalia o seu trabalho como sendo um debate entre três forças motoras – o medo, o amor e a força. Mas isto daria para praticamente tudo o que acontece no Universo, pelo que talvez lhe falta também alguma especificidade, algum alvo mais concreto. As letras são algo crípticas o que nos deixa um pouco perdidos sobre os propósitos da mensagem (se é que há alguma).
Numa altura em que estamos bastante bem servidos em termos de cantautoras alternativas (Angel Olsen, Jessica Pratt, Lucy Dacus, Snail Mail, Adrianne Lenker, Julia Jacklin, Sharon Von Etten), Aldous Harding facilmente se pode integrar neste grupo de herdeiras de Cat Power (que também continua a lançar discos)