Confesso-vos, ando muito viciado em surf rock. Seja o mais soalheiro e pop, seja o mais soturno como o dos Allah-Las. Não sei se é pelas guitarras meio hipnóticas, se pela voz lânguida e arrastada ou se pelo tudo o resto que nos rodeia como o país estar numa situação meia desesperante, sem rumo aparente, como um barco meio à deriva à espera do tal vento de feição que o leve a bom porto. E é mais ou menos esse o sentimento que este Bend Beyond nos dá. Mas já lá vamos. Importa agora saber quem são estes Woods e onde estavam metidos para só agora eu ter sabido deles.
Ora bem, os Woods são um projecto paralelo (que acabou por ser de melhor qualidade) de Jeremy Earl, membro da banda Indie rock, Meneguar. Quem? Pois, têm razão. Este grupo passou um bocado ao lado da explosão indie de Brooklyn e manteve-se na sombra de outras grandes bandas saídas do bairro mais prolífico de Nova Iorque. O que realmente é curioso nesta banda é o facto de ter começado por ser um projecto paralelo de um só elemento, Earl e acabou por se tornar numa nova banda com praticamente todos os elementos da formação anterior. E o que começou por ser um projecto mais lo-fi, acústico, tornou-se num grupo completo com vários instrumentos, incluindo uma bateria (Aaron Neveu), e o som transformou-se num folk-rock mais próximo de uma solarenga Costa Oeste do que uma cabana no meio do mato. Folk-Surf-Rock?
Seja como for o som dos Woods conquistou-me desde a primeira audição. E se por um lado fico desapontado por só os ter descoberto ao sexto disco, por outro regozijo-me por saber que ainda tenho mais cinco álbuns por descobrir e fá-lo-ei o mais rápido possível, apesar de neste momento estar agarradíssimo ao som de músicas como “Cali in a Cup”, primeiro single extraído do disco ou “Impossible Sky”, música que nos transporta para um espaço só nosso no qual desejamos permanecer durante muito tempo.
O disco abre com “Bend Beyond”, música que dá nome ao álbum, e que traz ao de cima a corrente mais experimental e “noise” da banda com solos de guitarra a fazer lembrar os bons finais dos sixties, início dos seventies. Porém, é a partir do single “Cali in a Cup” que descobrimos o tom do disco. O tal Folk-Surf-Rock que me faz lembrar um bocadinho de bandas como os Thrills. Há também um pouco de The Coral aqui e ali. São 12 músicas, cerca de meia hora, que perfazem um tempo bem passado. Para ouvir em repeat antes de passar para os outros discos mais antigos…