Há qualquer coisa especial em Torres. Verdadeiramente especial. Como se nos conhecêssemos há tempos. Há muitos, muitos anos.
Torres é o nome artístico de Mackenzie Scott, menina nascida em Nashville por entre tanta gente famosa. Este é também o seu primeiro álbum, e que primeiro álbum.
No que me diz respeito, Torres será com certeza uma das maiores revelações de 2013.
Durante cada minuto Scott parece sussurrar-nos ao ouvido, numa voz assustadoramente sensual, que vão haver dias melhores. Como se ela soubesse ou fosse a razão pela qual estamos em baixo.
Torres não é mais que o retrato de uma menina confiante, escrito em linhas direitas, com um travo de revolta, uma estranha maturidade (sim, ela só tem 22 anos) e uma estabilidade emocional que ultrapassa a minha compreensão.
Em “Jealousy And I”, Scott grita a largos pulmões onde mora o ciúme, a paixão e o desespero de amar cegamente. “I’m suffocating you I know. / It’s just the only way I know to love.” E fá-lo como se nos tivesse a explicar algo muito simples.
Scott dispara para todos os lados, em letras bem construídas e polémicas, sem preconceitos, sem aviso nem qualquer tipo de medo. Uma espécie de grito de ipiranga incapaz de deixar alguém indiferente.
Sem querer ir longe demais, Scott recorda-me a espaços duas velhas conhecidas, PJ Harvey e Patti Smith.
Sem excessos, a grande verdade é que a vida faz muito mais sentido quando ouvimos Scott em “Honey” delicadamente confessar “Everything hurts, but it’s fine, it’s fine/ it happens all the time”.
Que as nossas ex-namoradas a estejam a ouvir.