Kavinsky, nome artístico do compositor francês de música electrónica Vincent Belorgey, foi-me dado a conhecer através da banda sonora do filme “Drive”. A música “Nightcall” que está presente no álbum que iremos falar, é a música do início do filme em que a personagem interpretada por Ryan Gosling percorre de uma maneira solitária as ruas da cidade.
O título do disco ” Outrun” é uma clara alusão ao jogo arcade da SEGA dos anos 80 com o mesmo nome onde se conduzia um Ferrari vermelho Testarossa a alta velocidade com uma louraça de cabelo esvoaçante.
Ora, o “background” desta “persona” de Belorgey tem uma história deveras interessante. Segundo reza a lenda, Kavinsky reapareceu como um zombie após ter-se despistado com o seu Ferrari Testarrosa, voltando com o propósito de fazer (boa) música electrónica, como ficou demonstrado com a música “Testarrosa Overdrive”, extraída do seu primeiro EP, “Teddy Boy”.
A história de Belorgey é mais, digamos, normal. Começou quando Quentin Dupieux, também conhecido como Mr. Oizo lhe ofereceu um velhinho computador da Apple. A particularidade é que vindo de quem vinha, este computador estava cheio de material electrónico, o que motivou o próprio Belorgey a criar a sua própria música. Daí até começar a tocar com gente como Justice, Daft Punk e Sebastian foi um pequeno passo, culminando no lançamento dos primeiros EPs, o já referido Teddy Boy, 1986 e Nightcall que acabaria por vir assentar arraiais neste primeiro álbum.
A intensidade do disco sente-se logo no início com a música “Prelude” que nos dá um gostinho do que está aí para vir. O álbum é sólido, não fugindo da onda eletrónica dos anos 80 mas conta, também, com um toque francês de modernidade e refinamento. Para muitas audições e para ir-se descobrindo aos poucos.