Morreu a ovelha negra da família. Morreu a sempre mutante Rita Lee Jones. Paz à sua alma, e glória ao seu percurso na música popular brasileira!
Rita Lee sempre teve muita pinta. Tudo começou quando nasceu e durou até ao seu último suspiro, que adivinho ter sido musical. Ela e Roberto, seu parceiro e amante, terão sempre um lugar na história da música do nosso país irmão. E como foi muito grande o legado da menina nascida em São Paulo, Rita Lee também fez parte da minha vida e de tantos e tantos outros melómanos. Alguns deles, seguramente, estarão neste exato momento a ler estas linhas, já nostálgicas pelo sentimento de perda presente em todas as palavras deste texto.
Rita Lee esteve sempre tão próxima de nós, que parece nunca ter havido um tempo musical sem ela. Com os Mutantes, deu novo ânimo ao tropicalismo roqueiro. A solo, foi enveredando por outros caminhos, muitas vezes dançantes, outros nem tanto, mas lançando sempre perfumes prazerosos sobre quem a escutava, fosse onde fosse, mesmo que no escurinho do cinema das nossas vidas pouco coloridas. Agora que Rita Lee decidiu parar de viver (foi decisão dela, não tenho dúvidas sobre isso), agora que caiu em definitivo o pano da sua existência, importa dizer o quanto gostámos dela. Importa cantar agora só falta você e perpetuar esse tal de roque enrow que perdurará eternamente, suspenso e brilhando nos imensos jardins da babilónia da música brasileira.
Lá mais para a noite, quando a casa estiver em dormente sossego, irei pôr a tocar “Baila Comigo” e dançarei com Rita Lee uma última vez. Juntinhos, enleados um no outro. Eu sei (ambos sabemos) que esta ideia é muito louca, mas quem não é louco nunca será feliz. E eu fui muito feliz com ela. Fui e ainda sou.
Mesmo não conhecendo tanto de música nem de tantas músicas fico sempre mais rica quando leio os teus textos, Carlos.