O álbum Paranoid é um dos álbuns mais épicos da história e ainda hoje conquista esse lugar mesmo na comunidade mais jovem, que não esteve presente na mítica época em que eles surgiram e se insurgiram. Caminhavam pelos caminhos intensos, pesados e distorcidos do hard rock e do heavy metal e em 1971 conseguiram mostrar uma nova obscuridade à música.
Agora, em 2013, lançam um novo disco e, de alguma forma, Portugal fica de fora, como de resto sempre ficou. Por isso, quando soube que os japoneses Acid Mothers Temple iriam regressar a Portugal para interpretar o Paranoid com todo o seu psicadelismo exacerbado, dei-me por rendida ao calor infernal da Galeria Zé dos Bois.
“War Pigs” é a primeira música do álbum por alguma razão. Consegue infiltrar-se no silêncio, lenta e evolutiva, e assim os Acid Mothers Temple souberam atribuir-lhe o mesmo papel, criando um cenário metade bélico metade alucinogénico, que resistiu até ao fim. Tocaram clássicos como “Iron Man” e “Paranoid”, onde aí especialmente faltou uma voz audível e de todo perceptível. Mas valeram pelo instrumental, que bem adaptaram ao seu estilo próprio: a mesma febre, mas prolongada, às vezes até demais. Talvez justificada pela ânsia de reviver os Sabbath da forma possível e por esperar ainda mais temas. E eles tocaram. Não cumpriram o prometido disco integral (faltou a essencial “Electric Funeral”), mas passaram por vários marcos da discografia. “NIB”, do primeiro álbum, foi para mim a surpresa da noite e recebi-a com um carinho especial, na sua boa interpretação, onde fez muita falta a voz de Ozzy, como sempre faz. O meu desejo agora é de ver cada uma das bandas em nome próprio. E Black Sabbath em negrito.
(Fotos: Hugo Amaral)