Penso que a escolha de Legendary Tigerman, para dar início ao Impulso 24 não podia ter sido melhor para representar o espírito da época conturbada em que vivemos. Zeitgeist é a palavra que condensa o sentimento e exploração de novos trilhos sonoros pelo Paulo Furtado, e acrescenta o poder do sintetizador aos sons crus característicos da sua guitarra.
Everyone abre o caminho para aquele que seria o concerto da noite. Este tema, conta com a voz de Jehnny Beth que esteve presente através das projeções videográficas, e cuja voz é complementada pelas vocalizações intensas e poderosas da talentosa Sara Badalo.
O Furtado sabe o que faz. A escolha da equipa que o acompanha não é feita ao acaso. A formação apresentada neste concerto, está reduzida a três elementos, Sara Badalo na voz e sintetizador, Mike Ghost na bateria, e o próprio Furtado. Poder-se-ia pensar que alguma da intensidade e sentimento se perdesse numa formação reduzida, mas não. Os três elementos complementam-se de forma perfeita nesta viagem do Lendário homem tigre.
A viagem pelo Zeitgeist continua, com as projeções de vídeo a complementar a sonoridade eletrónica que está bem presente neste novo registo de Tigerman. Bright Lights, Big city contou com a presença de Ray. Losers, contou com a projeção do vídeo realizado por Edgar Pêra, que transporta para imagem a forte mensagem e sentimento desta canção.
Esta viagem pelo Zeitgeist, é intercalada com alguns temas de Femina e Misfit, como o Hellcat, Tha Saddest Thing To Say ou Fix of Rock’n’roll, que são apresentados com novos arranjos, e com a Sara Badalo a tomar conta das vozes femininas de uma forma perfeita, revelando-se um dos maiores trunfos de Furtado.
Tigerman não dá tréguas aos espectadores, e insiste que todos se levantem das cadeiras, dancem e se cheguem à frente do palco, quebrando aos poucos a timidez da maioria.
O concerto termina com duas homenagens, Ghost Rider dos Suicide e True Love Will Find You In The End de Daniel Johnson, quando os três elementos se juntam ao público partilhando um bonito momento de intimidade.
Assim se criam momentos inesquecíveis.
O começo da noite esteve a cargo de Evaya, um dos nomes emergentes da música pop eletrónica nacional, que dá os seus primeiros passos num ano em que se prepara para editar o seu primeiro trabalho.
De voz doce e cândida, Evaya apresenta uma sonoridade com batidas e graves profundos, que se interligam em ambiências etéreas e orgânicas, levando-nos numa viagem alucinogénica no meio de uma qualquer floresta escondida neste mundo.
O Impulso regressa dia 5 de abril com Sreya, Bia Fernandes e Alexandre Soares
Texto: Inês Severino
Fotos: Joana Ray