ZEITGEIST é para tempos conturbados e um regresso memorável.
Ao sétimo álbum, Paulo Furtado usou Paris como David Bowie se serviu de Berlim nos anos 70. O músico português refugiou-se durante uma temporada alargada, no final de 2019, naquela cidade, para explorar uma nova identidade sónica que concretizasse o seu crescente fascínio pelos sintetizadores e o permitisse seguir em frente, sem repisar as mesmas fórmulas. Um novo caminho musical para se manter vivo e relevante.
ZEITGEIST é por isso um disco de reinvenção. A guitarra não desaparece de cena, nem podia, mas o protagonismo vai todo para os sintetizadores modelares, ferozes e graves. Sensuais. Perigosos. Obscuros. Em ZEITGEIST o rock n’roll de Paulo Furtado está mais cru e incisivo, mas também etéreo e dançante. Um disco igualmente marcado pela perda dos pais e por uma indignação pela grotesca desigualdade do presente.
E quando sentiu que as suas novas composições precisavam de vozes que não lhes podia dar sozinho, The Legendary Tigerman foi buscá-las sem hesitar, como já havia feito para o clássico Femina, de 2009. Asia Argento em “Good Girl”, Best Youth em “New Love”, Rey e Sean Riley para “Bright Lights, Big City” ou Anna Prior em “Losers”, são algumas das vozes que completam este belíssimo novo trabalho do músico português. ZEITGEIST é para tempos conturbados e um regresso memorável.