Desafiámos os nossos escribas a fazer a difícil escolha de selecionar um álbum, uma banda/artista, uma música, um concerto e um artigo escrito no altamont que os tenha marcado, nestes últimos 20 anos. Poderão vê-las no decorrer das próximas semanas, aqui e na nossa página de instagram.
Um disco: Bon Iver – For Emma, Forever Ago (2007)
Ter ouvido For Emma pela primeira vez em 2008, alterou quimicamente o meu cérebro. Pode ser exagero, mas nunca tinha ouvido um disco que mexeu tanto com as minhas emoções (e tão rápido). É um álbum muito completo, com um começo, meio e fim que nunca se perde e tem uma continuidade que pode ser rara. Continuo a ouvi-lo ainda hoje em dia e é sempre um aconchego.
Um artigo: Walter Martin – The World at Night (2020)
Não foi o primeiro artigo que escrevi para o Altamont, mas foi um texto que escrevi com tanto prazer, que pela primeira vez pensei o quão bom era, através de palavras, partilhar o meu amor por música.
Uma canção: “The Sound of Settling” – Death Cab For Cutie
Sempre tive muito medo de ser crescida e “adulta”. “The Sound of Settling” traduz na perfeição o sentimento de ter medos e receios de não saber dizer a coisa certa (“If you’ve got an impulse, let it out”, But they never make it past my mouth”), ao mesmo tempo que mostra uma vontade grande de crescer (“Our youth is fleeting /Old age is just around the bend / And I can’t wait to go gray”) e ultrapassar essas coisas, mesmo que isso signifique uma aceitação “forçada” (This is the sound of settling”). Melodicamente, a música traz uma alegria e um ritmo contagiante que nos faz dançar na cara da incerteza.
Um concerto: Bon Iver || Coliseu dos Recreios (2012)
Há poucos concertos que nos marcam para a vida. Tal foi o caso da primeira vez dos Bon Iver em Lisboa. A ansiedade colectiva (e éramos tantos! Coliseu cheio) e o estrondo que foi quando a banda apareceu em palco. Há muitos anos escrevi que me tinha apaixonado nessa noite, e hoje continuo a achar isso. Foi o concerto mais bonito que vi na vida e selou a minha paixão pelo Justin Vernon e os seus Bon Iver.
Uma banda / artista: Death Cab For Cutie
À beira da vida adulta, quando tinha 19 anos, habituada aos sons do punk, mas já com um carinho para coisas mais acústicas e “sentimentais” (alguém que nos explique aquilo que estamos a sentir, por favor), mostraram-me o disco Transatlanticism dos Death Cab For Cutie. Sabem aquela sensação quando ouvem uma coisa e pensam “isto foi escrito para mim”? Foi exactamente isso que se passou. De repente emergi no mundo “emo-indie-folk” dos DCFC e nunca mais fui a mesma. (Mas não lhes perdoo o cancelamento do concerto no Primavera em 2012)