Da Califórnia para o Mundo, as Warpaint continuam em 2022 uma banda difícil de catalogar. Os méritos, felizmente, continuam cá todos – alguns até aperfeiçoados. Radiate Like This é o quarto disco desta invulgar e muito prazerosa banda.
São alternativas, mas fazem música pouco saltitante; são rock, mas longe de abrasivas; têm sensibilidade pop, mas são poucas as canções que ficam à primeira no ouvido. O curioso disto tudo é que apesar de tudo isto, ou se calhar precisamente por isso, são uma bela banda que edita por estes dias um belo novo disco.
Entre 2010, data da estreia, e 2016, o grupo editou três álbuns. Seis anos volvidos, e aí está finalmente o quarto tomo: Radiate Like This demorou o seu tempo, mas, já dizia o ‘cliché’, escutadas amplas vezes as dez canções do disco, é evidente que a espera valeu a pena.
A covid-19, diz-nos a banda, atrasou mas aperfeiçoou o disco – houve o reinventar de várias faixas e o consolidar de uma direção sonora. Hoje, em 2022, as Warpaint continuam a soar nebulosas no som, delicadas nas vozes, exigentes para quem as escuta. Escrever sobre um disco das Warpaint é um desafio ingrato: as palavras de hoje, reconheça-se, poderiam mudar facilmente na semana seguinte, especialmente para acrescentar elogios após novas escutas que descubram mais pormenores nas canções do quarteto.
“New Song”, canção mais pop da banda, do anterior Heads Up, não tem aqui um sucessor à vista para brilhar nas rádios, mas “Champion”, “Hips” ou “Hard to Tell You” (lindíssima, esta), curiosamente as três primeiras músicas do disco, estão entre as melhores coisas da carreira das Warpaint.
“Send Nudes” é o tema final do disco. É, como o álbum, uma bela faixa, mais em registo intimista do que a média – o escriba destaca a faixa não tanto pelo conteúdo, mas mais pela forma, deixando a caixa de correio eletrónica aberta a quem quiser levar à letra o nome da canção. Podem fazê-lo a ouvir ou não as Warpaint, mas, em caso afirmativo, podem ter a certeza de que o farão a escutar um dos bons discos de 2022.
