Antes dos dias centrais do festival, que são três, o Primavera Sound começa a aquecer – pode dizer-se, até, que isto se aplica a todos os concertos que a organização vai realizando ao longo do ano.
Por norma, e como temos vindo a afirmar em anos anteriores, a noite imediatamente antes dos dias principais, com concertos nas salas Apolo e Barts, entre outras, costuma ser explosiva. No Parc del Fòrum, os Suede vão ser os cabeças de cartaz e vão certamente atrair muita gente – até porque o concerto é gratuito. Os suecos Goat actuam antes e poderão deixar o público exausto – será bom sinal.

No primeiro dia do festival “propriamente dito”, não há como evitar a reunião dos extintos-até-há-relativamente-
No palco H&M, o público português pode antecipar as vindas de Tame Impala e Air. No Pitchfork, Vince Staples é uma das atracções hip-hop deste ano – escolhas de habitual bom gosto garantido por parte do festival, além de oportunidades raras para públicos europeus -, outra actuação de Empress Of, indie rock de Car Seat Headrest e Protomartyr (todos vão estar no Porto) e, ainda, Neon Indian.
O palco Ray Ban traz à Europa o fenómeno do ano passado que foi o rock africano de Mbongwana Star, além de Battles, já veteranos do Primavera, e o ermita das canções Cass McCombs. Para quem quer dançar, na zona Bowers & Wilkins, destacamos o incrivelmente talentoso Todd Terje e Eron Alkan, que pode sempre apresentar-se na melhor forma.
Kamasi Washington, autor do soberbo álbum jazz de 2015, o triplo The Epic, vai actuar no Auditori Rockdelux, uma sala que quase vale por si própria. Ainda, no adidas Originals, recomenda-se vivamente o concerto de Har Mar Superstar e os novinhos White Reaper, excelente banda. Algures no recinto – é surpresa -, vão actuar Peaches e o novo projecto do membro de Sonic Youth, Lee Ranaldo com El Rayo. E este é apenas o primeiro dia.

Devemos ainda mencionar o regresso dos Cabaret Voltaire (Auditori Rockdelux) e outro concerto de Cass McCombs, no Teatre. Por fim, o concerto-segredo do dia é das reunidas Lush, banda alternativa britânica dos anos 90.
No terceiro dia, a lenda viva Brian Wilson toca o histórico Pet Sounds, dos Beach Boys, no palco Heineken, onde também actua PJ Harvey. No H&M, há Sigur Rós, e no palco Ray-Ban temos os talentos da princesa folk Julia Holter e de Pantha du Prince.
Mas é entre os palcos Primavera, Pitchfork e adidas Originals que recomendamos que se passe a maior parte do tempo. No primeiro, actuam Boredoms! O ponto de exclamação justifica-se. A banda japonesa (chamar-lhe noise seria redutor) faz muito raras aparições ao vivo e é uma surpresa que estejam sequer no cartaz. Ainda no Primavera, muito rock com os excelentes Drive Like Jehu e Ty Segall com os Muggers, o indie bem 90’s dos Autolux e o rap de Action Bronson. Já no Pitchfork, a talentosa Jenny Hval promete uma experiência dramática e sui generis, mas há ainda o rock dos Parquet Courts, os amorosos Chairlift, e ainda o funk de DâM-FunK. Mas atenção ao adidas Originals: para quem quer metal da velha guarda, há Venom! (outra exclamação), os incríveis e brutais Unsane, e o egípcio Islam Chipsy, um mago dos beats, com actuações que são uma experiência para todos os sentidos. E, em concerto secreto e para quem gosta de guitarras a sério, não poderíamos recomendar mais a presença de Bob Mould, ex-Hüsker Dü. A parte difícil vai ser encontrá-lo.
Mencionamos ainda mais outro concerto de Cass McCombs, desta vez no Firestone Stage, as actuações de Current 93 e Six Organs of Admittance no Auditori e, para quem quiser ir dizer olá ao Faris Badwan dos Horrors, ele vai estar a dar uma mãozinha de DJ no Bowers & Wilkins.
A qualidade e variedade da oferta são verdadeiramente estarrecedoras. Muito por isso, mas não só, o Primavera Sound é amor.