Apesar de continuar a levar porrada diariamente, a resistência criativa continua viva e a florescer!
Outubro de 2024. A maléfica máquina do Império 1% continua a atacar. Enquanto os gases tóxicos da cultura de massas adormecem as mentes e domesticam os ouvidos dos menos atentos, as grabbing hands vão fechando estações de rádio, clubes de rock e minando bandas alternativas.
Valha-nos a Resistência, essa imensa minoria que opera nas trincheiras do subsolo, das associações com e sem existência legal, das cooperativas, dos colectivos, das bandas e dos projetos a solo que continuam a esgravatar os entrefolhos da criatividade… valha-nos a Contracultura!
Na passada quinta feira, a Resistência voltou a sair à rua, fintou ubers e rebanhos de girls & boys que colonizaram o Bairro Alto, e refugiou-se na Casa do Comum para umas preciosas horas de oxigénio puro, plantadas, nutridas e colhidas pela Associação Terapêutica do Ruído.
A desculpa, como se fosse preciso, foi o lançamento do vinil (de dez polegadas) ACID ACID ASIMOV, onde podemos encontrar “Gravitas” (um inédito de Acid Acid) e as duas últimas gravações de estúdio (até ao momento, espero eu) dos adormecidos Asimov: “Aerogramas” de roupa lavada, mas nem por isso engomada e “E o Futuro Chegou”, fruto de um improviso captado no momento. Como seria de esperar, as 30 cópias, voaram mais rápido que barris de cerveja em festival de verão!
Quando, no início de 2024, os Asimov anunciaram que estavam “fora de serviço”, muitos como eu terão engolido em seco … e recusado a ver um adeus nesse anúncio! Preferi ver a coisa como um “Deixem-nos descansar um pouco, malta” com o típico sentido de humor retorcido do trio! E a verdade, é que apesar de se manterem longe da sala de ensaio, os Asimov vão continuando a deixar sinais de vida e do seu imponente legado. A mostra começou precisamente, com mais uma dessas pedras preciosas: Asimov – Flowers, o Filme, que consiste numa coleção de curtas-metragens que vão acompanhando os temas do álbum “Asimov & The Hidden Circus – Flowers”, gravado em colaboração com a violoncelista Joana Guerra e o guitarrista Peter Wood. Mais do que uma compilação de telediscos, a colagem de imagens de arquivo, de filmagens de ensaios e atuações da banda e outras maluquices Asimov style, resulta num poema gráfico escondido nas ranhuras de Flowers.
Mantendo-nos no mundo dos poemas sem palavras, a festa prosseguiu com o concerto de Acid Acid, o heterónimo compositor e one man band do Druída Sónico Tiago Castro. Munido de uma parafernália de máquinas que não me arrisco a tentar identificar, do extravagante Teremim e de uma clássica guitarra elétrica, e acompanhado pelas deslumbrantes projeções da VJ Lena Huracán, o músico conduziu-nos pelo espaço sideral que habita aquela parte do nosso cérebro que alguns especialistas dizem que não utilizamos diariamente! Podem ter mandado cercar a floresta, Tiago … mas continuas a encantar-nos! Obrigado!
A festa prosseguiu com o DJ set da fabulosa Marta San, que como todos os artistas que a precederam tem o “defeito” (a inveja é uma coisa tramada, Rui) de não se limitar a fazer apenas uma coisa bem. Como se não bastasse o considerável repertório na área do grafismo alternativo, a moça só está feliz a ver-nos a balançar a anca!
Bela Festa!












