À saída do concerto de Skunk Anansie não havia uma cara triste, um rosto taciturno, todos sorriam, riam, abraçavam-se, beijavam-se felizes e levavam o amor daquela noite consigo. Afinal, ainda há noites de rock à moda antiga!
Passaram-se mais de 25 anos desde que os vi pela primeira vez, no entanto, os Skunk Anansie não mudaram absolutamente nada e isso é incrivelmente entusiasmante. Como é possível a Skin continuar a cantar daquela forma, saltar sem parar, fazer crowdsurfing do meio da sala até ao palco, ter ainda toda aquela energia infindável? A pergunta ainda continua a ressoar na minha cabeça, como é possível?
Antes da tempestade vem a calmaria, mas não foi bem isso que aconteceu na noite de 28 de fevereiro, já que a banda que abriu para os Skunk Anansie, chegou cheia de energia, energia essa que foi surpreendendo o público que ia compondo o Coliseu do Porto. Os britânicos So Good, é um quinteto que trouxe o Ignorant Brat Pop a Portugal, onde se destaca o trio que dá voz ao projeto que junta coreografias atrevidas e cheias de atitude às suas canções. Um projeto emergente que ouviremos falar mais vezes, certamente.
Lembro-me da primeira vez que vi os Skunk Anansie, foi no longínquo ano de 1997, no saudoso Festival Imperial Ao Vivo que se realizou na Alfândega do Porto, na cidade invicta. Nesse festival os cabeças de cartaz eram os Smashing Pumpkins e foram eles que me convenceram a ir ao Imperial ao Vivo, mas nesse dia, quem me iria conquistar o coração seriam os britânicos Skunk Anansie.
Um par de anos mais tarde (não consigo precisar o ano), voltei a vê-los no Coliseu do Porto e, mais uma vez, esse concerto ficou cravado na minha memória. Passados tantos anos, ainda é um dos concertos que figura no meu top 3 e foi aquele que senti a maior energia humana dentro de uma sala, atingiu, sem dúvida, níveis estratosféricos.
Entretanto, a banda separou-se em 2001. Voltaram anos mais tarde, em 2009, mas para ser sincero eu já estava noutras ondas sonoras e acabei por não dar grande importância ao regresso da banda. Cheguei a ouvir os novos álbuns, mas, pelo menos para mim, já não era a mesma coisa. Não deixei de ser fã, porque sou, mas aqueles primeiros três discos, Paranoid And Sunburnt, Stoosh e Post Orgasmic Chill são inigualáveis. Regresso a esses discos muitas vezes e surpreendem-me sempre.
Assim que soube do regresso a Portugal da banda britânica, coloquei-me logo em bicos de pés e não queria os perder por nada. Foi uma experiência diferente, porque fui em trabalho, ainda assim voltaram a surpreender-me e a deixar na minha memória mais uma incrível recordação.
Foram quase duas horas de concerto, sempre a um nível de energia alto, onde foram desfilando os temas icónicos da banda, intercalados por alguns dos temas que farão parte do novo disco, The Painful Truth, que será editado a 23 de maio. Destaque para “aquelas” canções, que fizeram enlouquecer todos e fizeram estremecer toda a estrutura do Coliseu do Porto, tais como “Charlie Big Potato”, “Because Of You”, “Weak As I Am”, “Hedonism” e a noite terminaria em apoteose com “Follow Me Down.
Há muito que os Skunk Anansie conquistaram este retângulo à beira mal plantado, mas eles não pertencem apenas a um lugar, eles pertencem ao mundo e na história ficará o nome deste quarteto gravado para sempre. Enquanto os Skunk Anansie existirem o rock estará de ótima saúde, as suas músicas servirão de exemplo perfeito, às civilizações de um futuro distante, de como uma canção rock deve soar: riffs intensos de guitarra, ritmos marcantes de bateria e baixo e a voz a explodir melodias que se cravam no nosso corpo. E o concerto de vinte e oito de fevereiro de 2025 servirá de exemplo, também ele perfeito, de como deve ser um concerto rock!
No fim, quando saía juntamente com todas aquelas almas que encheram o Coliseu do Porto, para verem bem de perto os Skunk Anansie, mais uma vez, não havia uma cara triste, um rosto taciturno, todos sorriam, riam, abraçavam-se, beijavam-se felizes e levavam o amor daquela noite consigo. Afinal, ainda há noites de rock à moda antiga!
