Em tour pela Europa, EUA e Austrália, desde Agosto (parte desta tour a fazer a abertura para os Khruangbin), após o lançamento do excelente BETA, os Peter Cat Recording Co. finalmente passaram por Lisboa.
Concerto marcado às 21h, sem primeira parte, uma sala LAV esgotada, um público diversificado (eu sei, um fenómeno que é cada vez menos fenómeno, mas não deixa de surpreender, a quantidade de estrangeiros que estavam presentes…) cujo burburinho constante indicava a vontade séria de ver a banda.
Finalmente: apagam-se as luzes, o burburinho passa a assobios, aplausos, gritinhos e no meio da escuridão e sob uma neblina de fumo, aparecem os cinco músicos. Após uma intro (bastante longa) da “Flowers”, Suryakant Sawhney, com o seu ar cool e despretensioso, cumprimenta-nos com um tímido “boa noite”.
Ao longo do concerto, é curioso ver como os cinco músicos (Suryakant Sawhney – vocalista/guitarrista; Karan Singh – teclas/guitarra/trompete; Dhruv Bhola – baixista; Rohit Gupta – teclas /trompete e Kartik Sundareshan Pillai – teclas/guitarra/eletrónicas/trompete) vão trocando de posição (Bhola canta a “I Deny Me” e Pillai canta a “Foolmuse”, enquanto Sawhney concentra-se só na guitarra, Gupta passa do trompete para saxofone com a mesma fluidez), com um talento musical que supera as nossas expectativas e dá para perceber que é um espetáculo já bem ensaiado e conquistado.
Por outro lado, entre as poucas interações com o público, com espaço para dicas como “You know we live in Goa, right? Is that a familiar place?” (wink wink) e “Are you having fun?” (alguns aplausos) “Quiet respectful crowd, I love it. I need a drink”, notamos alguma acidez que queremos crer que se tratará de cansaço acumulado desta tour. “We’ve been on tour for about 4 months. I know you don’t care, but we do”. Do lado da plateia só sentimos amor: muitos sabiam as letras todas, cantando com vigor e energia, sempre a dançar e a puxar pela banda com aplausos e gritos entusiasmados.
Sawhney pouco se desmanchou, mas ainda vimos um pezinho a dançar e, no seu melhor estilo crooner cool, de eyeliner nos olhos, larga a guitarra, puxa de um cigarro e canta a “Something About You”, enquanto dança com movimentos suaves, melancólicos e sensuais.
Foram duas horas de boa música, onde o prato principal foi BETA, um concerto divertido e sem grandes pretensões e em que, quase no fim, Kartik Pillai ainda ofereceu uma garrafa de Villa Oeiras (“We need your help drinking this sweet wine someone has offered us”) à plateia, como que propondo um brinde de celebração comunal.
Setlist:
- Flowers
- People Never Change
- Suddenly
- Portrait
- Soulless Friends
- Heera
- I’m This
- Black N’ White
- Something About You
- Seed
- I Deny Me
- Foolmuse
- Floated By
- Control Room
- Love Demons
- Connection
- Beautiful Life
- Memory Box
- I’m Home
Fotografias: Rui Gato















