Um disco sereno e bonito que mostra um lado mais introspectivo de um dos guitar hero nacionais.
Orlando Cohen será sempre reconhecido como guitarrista dos saudosos Censurados, mas também dos Peste & Sida e de tantos outros projectos da música rock nacional. O seu caminho tem sido feito de bandas e de projectos, nem sempre com longevidade ou consequência, mas no meio disso vai sempre trabalhando nas suas músicas a solo.
Este Planet V é já o quarto disco de originais de Cohen e acabou por voar um pouco abaixo do radar neste ano de 2024. No entanto, merece a nossa atenção. É um trabalho totalmente instrumental mas, para alguém que é mais conhecido pelas guitarras rock a rasgar, por aqui há pouco ou nada dessa linguagem. É um disco plácido, sereno e muito melódico, com os temas a desenrolarem-se, camada após camada, à nossa frente, num registo sempre “friendly” do ouvinte e recompensador para este.
São 14 músicas, escritas entre 2019 e 2023, exercícios que tanto buscam inspiração ao flamenco (“Cáceres”) como aos spy movies (“Andando pela rua”), passando pela música portuguesa (“A festinha da aldeia”) ou por formatos mais próximos do rock, embora de forma sempre moderada e sem alarido.
Tudo é feito com grande sentido melódico e sem qualquer pretensiosismo, deixando a música falar, resultando numa espécie de compêndio de temas que ficariam bem como banda sonora de filmes. Sendo um disco instrumental, não é realmente fácil encontrarmos um tema aglutinador, mas da capa ao nome de algumas das músicas fica marcada a vertente activista de Orlando Cohen, centrado no veganismo, nos direitos dos animais e no alerta para a emergência climática.
Agora que Orlando arranca com mais uma banda rock, os Dá-lhe Gás, este Planet V é um bálsamo de tranquilidade e de boa música para os nossos ouvidos.