De todas as loucas e inéditas sessões do para sempre virtuoso Mort Garson de dedos assentes no seu mais fiel companheiro de aventuras, o sintetizador Moog, a que o mundo parece gostar mais é o seu “Mother Earth’s Plantasia” (subtítulo: “warm music for plants… and the people that love them”), gostando ou não, tendo ou não, estes curiosos animais de companhia que não chegam muito bem a ser animais. Talvez não importe se tenham ou não um cato à janela para entreter: talvez o que o ser humano goste do agora lendário disco de Garson de 1976 seja a ideia de ele próprio ser embalado pelo toque leve das teclas aveludadas do Moog, dar asas à imaginação e criar folhas e raízes que despontam ao som da música.
“Ode to an African Violet” é explicitamente indicado à redonda e colorida planta domesticada no século dezanove. É, como todos os temas que compõem “Mother Earth’s Plantasia”, uma composição simples, hipnótica, memorável, e acreditamos que Garson a inventou genuinamente para ser escutada pela plácida plantinha. Talvez nem sonhasse que tantos seres humanos com vontade de serem metidos para dentro de vasos se iam sentir igualmente acarinhados pelo seu sintetizador – de tal forma que, mais de quarenta anos depois, o seu disco acaba de ser re-editado pela Sacred Bones Records para mais pessoas com vontade de serem flores.