Get Sunk é um trabalho muito introspetivo, com um novo fôlego e mais arejado do que Serpentine Prison ou do que os discos dos The National.
Quando o vocalista da nossa banda preferida de todos os tempos se lança a solo, a sensação é sempre agridoce. Por um lado, tememos que esse movimento termine o trabalho da banda de que tanto gostamos; por outro, é sempre bom ouvir aquela voz que adoramos.
Neste caso, com o segundo álbum a solo de Matt Berninger, a expectativa era bastante baixa. Serpentine Prison, de 2020, o primeiro disco lançado por Berninger, ficou muito abaixo daquilo que esperávamos e não impressionou. Por isso, abordei este Get Sunk com o cuidado de alguém que já tinha sido desiludido, e não queria voltar a esse sentimento.
O single, “Bonnet of Pins”, prometia – parecia The National, um pouco menos produzido e denso, mas com as variações e ritmo característico todo lá. E foi um bom presságio para o resto do disco, que acabou por surpreender muito pela positiva.
Get Sunk é um trabalho muito introspetivo, com um novo fôlego e mais arejado do que o anterior ou do que os discos dos The National. Falta-lhe, talvez, um pouco da acidez e humor crítico que caracteriza o trabalho de Berninger. Mas é um álbum muito bem construído, com bons arranjos, equilibrando bem os momentos épicos e a leveza.
Com faixas como “Breaking into Action”, “Inland Ocean” e, especialmente, “Times of Difficulty” (sublime) a destacarem-se (“In times of Difficulty, get drunk, get sunk, forget, get wet”), Get Sunk é um disco bonito, que merece ser ouvido e apreciado, e que marca pela positiva o regresso de Matt Berninger aos discos a solo.