Marika Hackman entrega-nos um excelente disco, triste e denso mas com canções muito delicadas.
O novo trabalho de Marika Hackman, Big Sigh, é um disco bonito, delicado, em que a leveza dos momentos acústicos entra em forte contraste com a densidade das palavras que são ditas pela cantautora britânica.
Com o disco anterior, Any Human Friend, Marika Hackman ganhou reputação como mais uma cantautora indie-pop. Mas se o disco anterior era um disco sobre uma separação, com todos os detalhes sórdidos que as separações trazem para a luz do dia, este disco é uma obra bonita e delicada.
Começa com “The Ground”, uma pequena faixa de beleza delicada, que liga perfeitamente com “No Caffeine”, talvez a mais interessante canção do disco, uma perfeita conjugação entre o indie, o folk e o rock. Segue-se “Bigh Sigh”, canção-título, que segue na mesma linha: ritmos suaves e lentos, quase cristalinos, intercalados com refrões de guitarras densas. Já “Blood” traz-nos um monólogo que poderia ser um diálogo, uma conversa sobre quando as coisas começam a correr mal nas relações.
Este é um disco que continua, nas letras, a ser muito direto, que explora as profundezas de um romance condenado e com laivos que transpiram ansiedade – a própria ansiedade que Hackman diz que tem. Mais à frente, “The Lonely House” traz-nos um pequeno interlúdio em piano, sem voz, uma pausa para respirar antes de regressarmos a esta viagem triste. Segue-se “Vitamins”, um pouco mais eletrónico, mas mantendo a coerência e delicadeza do resto do disco. A fechar, “The Yellow Line”, apenas voz delicada e guitarra acústica, uma linda despedida, um adeus a quem ouve e a quem sai da relação (“I was happy for a while”, quem nunca?).
É o disco mais pesado e negro da cantautora, que tocou todos os instrumentos e também tratou da co-produção, com Sam Petts-Davies, que produziu Thom Yorke ou Warpaint e também Charlie Andrew (responsável pela produção de Wolf Alice). Com esta ajuda, Hackman entrega-nos um excelente disco, triste e denso mas com canções muito delicadas.