Foi uma noite quente no Musicbox. Na rua, uma fila gigante de gente à espera para poder entrar num concerto esgotado. Já na sala sentia-se o burburinho coletivo “será que os dois tocam juntos?”, desencadeado pelo excelente nome deste concerto, “MAQUINETTA”, uma simbiose perfeita do nome das bandas, prelúdio para a noite que por aí vinha.
Já se sentia o calor no Musicbox quando os Hetta subiram ao palco. Uma breve introdução e convite “Somos os Hetta, obrigado! Subam ao palco e dancem!”. Um convite simples e que rapidamente o público anuiu: o mosh surgiu logo na primeira música, consumindo o chão, os corpos e a respiração do espaço. A banda, Alex Domingos, João Pires, João Portalegre e Simão Simões, deu tudo o que tinha naqueles 30 minutos de concerto. Ninguém ficou parado. A linguagem do punk hardcore, antiga, mas não desgastada, encaixou-se nos dedos jovens que tomavam o Musicbox. Foi um abraço ruidoso, mas familiar. Perdemos a conta à quantidade de pessoas que fizeram crowdsurf desde o palco, percorrendo todo o corredor de pessoas que estavam no Musicbox, chegando quase às portas do espaço.
Concerto terminado, só houve tempo para recuperar um pouco da hidratação perdida e tentar respirar um pouco do ar fresco que estava na rua.
Voltando ao Musicbox, os MAQUINA subiram ao palco, sob muitos gritos e aplausos. Halison Peres, Tomás Brito e João Cavalheiro chegaram com ritmo acelerado, quase hipnótico, arrancando de imediato com o seu som eletro industrial, post-hardcore.
A energia mudou de lugar: continuou intensa, mas ganhou corpo em batidas que convidavam ao movimento. Um detalhe importante: no palco foi colocada uma bandeira da Palestina, simbolizando um gesto importante, mostrando que sim, a música sempre teve um cariz político.
Atrás deles, vídeos e animações teciam uma narrativa visual que alimentava cada batida e impulsionavam um movimento conjunto, em que pouco dava para distinguir o que eram corpos dançantes e mosh.
No auge da euforia, o guitarrista subiu ao bar, como se o palco tivesse sido pequeno para tamanho êxtase.
Alguém disse, e bem, “Eu sobrevivi aos MAQUINETTA no Musicbox”, que foi o melhor resumo do que se viveu naquela sala quente e ruidosa do Musicbox.
Fotografias de Rui Gato

























