Disco desenhado para imortalizar um espetáculo, Müller no Hotel Hessischer Hof é um momento desafiante mas recompensador na carreira dos Mão Morta.
Gravado ao vivo em janeiro de 1997 em Lisboa, Müller no Hotel Hessischer Hof consistiu numa encenação musical de 19 poemas do dramaturgo e escritor alemão Heiner Müller (1929-1995).
Objeto de culto até à sua reedição há poucos anos, este foi mais um momento que atestou a vitalidade dos Mão Morta, incapazes de seguir uma carreira linear assente somente em discos de originais e digressões – espetáculos conceptuais são e sempre serão momentos de paragem obrigatória na carreira do grupo.
Musicalmente, Müller no Hotel Hessischer Hof é um disco difícil: é rock na génese, mas incorpora elementos eletrónicos, algum jazz e sopros, pontuais momentos spoken word e raras canções mais lineares – há uma edição em DVD que recomendamos e que junta imagem ao som, completando-se assim a experiência (disponível no youtube abaixo).
A reta final, com a mais orgânica e – arriscamos o adjetivo – bonita “Floresta em Sonho”, é enganador, mas a última faixa, composta somente pelos aplausos do público, é o retrato fiel daquilo que os Mão Morta merecem.