Começa hoje o Indie Lisboa, tónico refrescante da cinematografia actual, com selo de garantia inquestionável.
Em ano de celebração das quatro décadas da Revolução, o Indie naturalmente não fica alheio e vai ter um programa especial: “República dos Cravos – 25 de Abril Sempre”. Outro destaque desta edição é o regresso da secção Herói Independente, que este ano homenageia Claire Simon (Gare du Nord é o filme que tem a honra de abrir o festival, dia 24 às 19h no São Jorge).
De 24 de Abril a 4 de Maio, dezenas de filmes passam pelo São Jorge, Cinemateca, Culturgest e Cinema City Campo Pequeno – a programação completa e outras indicações úteis podem ser consultadas aqui e as informações sobre bilhetes estão aqui.
Agora, vamos ao que mais nos interessa, a secção IndieMusic, que nos apresenta 13 filmes sobre artistas ou movimentos. Todos os filmes desta secção passam no Cinema São Jorge. Para saber ao certo o que aí vem, deixamos aqui um guia com os filmes e sessões do IndieMusic:
MUDAR DE VIDA, JOSÉ MÁRIO BRANCO, VIDA E OBRA, de Pedro Fidalgo e Nélson Guerreiro.
Este documentário é um retrato da vida e obra do músico, poeta, actor, activista, cronista, produtor, que usa as suas canções como instrumento transformador da realidade. O filme foi rodado entre 2005 e 2013, acompanha José Mário Branco em ensaios, concertos, gravações de discos e conversas, em que ele fala de música, das suas convicções, da sua geração, do Estado Novo, da sua prisão e exílio. (25/4 às 21h45; 27/4 às 16h15)
THE PUNK SINGER, de Sini Anderson.
Um filme sobre Kathleen Hanna, figura central do movimento Riot Grrrl e vocalista das Bikini Girl, Le Tigre e Julie Ruin. Com recurso a imagens de arquivo e entrevistas (Adam Horovitz, Kim Gordon, Joan Jett) ficamos a conhecer o percurso de Kathleen Hanna, do início em spoken word ao envolvimento na cena punk, passando pelo activismo feminista, o casamento com Adam Horovitz e a amizade com Kurt Cobain. (26/4 às 21h45; 30/4 às 23h45)
SPRINGSTEEN AND I, de Baillie Walsh.
Esta é uma carta de amor, dos fãs para o artista. Em 2012, o realizador pôs um anúncio a pedir aos fãs para enviarem vídeos ou fotografias que documentassem a sua admiração pelo Boss. Recebeu mais de 300 horas de material e passou 6 meses em montagens. O resultado final faz justiça à descrição de um admirador – Bruce Springsteen é “um homem muito decente”. (27/4 às 16h; 1/5 às 21h45)
EUROPE IN 8 BITS, de Javier Polo Gandía.
Uma nova geração de músicos está a criar um novo estilo ou movimento – pegam em consolas “vintage” como o Game Boy, Atari, Amiga e Commodore 64, reutilizam os sons e modificam o hardware dos videojogos e equipamentos antigos, e acabaram por gerar um novo fenómeno de culto na Europa. (26/4 às 21h30; 28/4 às 21h30)
ALAN VEGA: JUST A MILLION DREAMS, de Marie Losier
TRUE, de Paulo Segadães.
Esta é uma sessão dupla, com duas quase curtas metragens. Just a Million Dreams traça um retrato íntimo de Alan Vega, dos Suicide, artista visual inovador e pioneiro do rock electrónico minimalista. True acompanha, durante um ano, Paulo Furtado enquanto veste a pele de Legendary Tigerman, em busca de novas canções, que acabam por entrar no recente álbum. (28/4 às 21h45)
MEMPHIS, de Tim Sutton.
Uma fábula, inspirada em Willis Earl Beal, construída à volta de um estranho cantor que acredita ter poderes mágicos. O ambiente sonoro vem do último disco de Beal, Nobody Knows, num filme impregnado de música, folclore e uma busca abstracta da glória (29/4 às 21h45; 4/5 às 21h30)
FINDING FELA, de Alex Gibney.
Afrobeat e Fela Kuti são praticamente a mesma palavra. Mas além de músico, Fela foi activista político pós colonial e anti-apartheid, o que lhe valeu uma boa dose de perseguições do regime militar nigeriano. Com o renascido interesse no Afrobeat, a música de Fela Kuti foi redescoberta e a Broadway estreou um musical sobre ele. Este filme acompanha a estreia do musical em Lagos, na Nigéria, e aproveita para recordar a vida do músico. (30/4 às 21h45; 3/5 às 18h)
ELECTRO CHAABI, de Hind Meddeb.
Electro Chaabi é o nome de um novo género de música – nascido nos bairros mais pobres do Cairo – que mistura música árabe, batida electrónica e um canto quase rap com letras de frevor revolucionário. 3 anos depois da Primavera Árabe, a juventude egípcia está cada vez mais insatisfeita, e a música, como sempre, tem um papel fulcral. (25/4 às 21h30; 3/5 às 21h30)
AMERICAN INTERIOR, de Dylan Goch e Gruff Rhys.
O vocalista dos Super Furry Animals embarca numa viagem pelos Estados Unidos, repetindo a aventura de um seu antepassado, John Evans, que no século XVIII partiu em busca de uma tribo de índios americanos. Gruff Rhys percorre os mesmos caminhos e enquanto tenta juntar as peças deste mistério, vai dando concertos e palestras, pesquisa os arquivos e as gentes locais, e acaba por compôr um álbum. (1/5 às 16h15; 3/5 às 23h45)
WE DON’T WANNA MAKE YOU DANCE, de Lucy Kostelanetz.
Em 1983 a banda funk Miller, Miller, Miller & Sloan era bastante popular. Apesar de adolescentes, já tinham tocado no CBGB e Peppermint Lounge e chamaram a atenção da indústria musical. Mas a promessa não se confirmou e acabaram por se extinguir. A realizadora Lucy Kostelanetz encontrou-se com eles ainda nos anos 80 e mais recentemente, em 2007, e tenta apresentar uma explicação para este fenómeno, mais comum do que desejável. (27/4 às 21h30; 4/5 às 14h30)
EL FUTURO, de Luis López Carrasco.
Espanha, 1982. Um ano antes, uma tentativa de golpe de Estado. Agora, os socialistas acabam de vencer as eleições. Numa casa, um grupo de jovens dança e bebe, atmosfera festiva e alegre. Agora tudo é futuro, diversão, a festa não tem de acabar. Sem diálogos, há apenas música de bandas new-wave espanholas pouco conhecidas, num ambiente sonoro que ilustra a situação do país ao mesmo tempo que reproduz notavelmente os ambientes utópicos, revolucionários e nostálgicos do passado (25/4 às 23h45; 29/4 às 18h45)
MY PRAIRIE HOME, de Chelsea McMullan.
Este documentário acompanha Rae Spoon numa viagem pela imensidão das pradarias canadianas, enquanto apresenta as suas composições no estilo que encontrou para exprimir a sua própria ambiguidade. Rae Spoon alcançou o seu espaço no universo transgénero, onde mais do que homem ou mulher, é ela própria, enquanto pessoa, cantora e compositora. (26/4 às 23h45; 4/5 às 18h45)