Os Growlers são uma banda diferente. Não procuram estrelato nem grandes alaridos. Pelo contrário, preferem arrastar-se entre as garrafas cheias e vazias de álcool, solução que encontram para tantos dos seus problemas mas talvez mais que isso, por opção própria, de quem gosta de fugir às responsabilidades. Talvez seja por isso que estejam já há bastante tempo em digressão, longe de casa.
Isso não os impediu contudo de lançarem 3 álbuns com 2 EPs pelo meio. Este último Chinese Fountain saiu apenas em Setembro passado, é ainda bem fresco para muita gente que já está preocupada em escolher os seus tops do ano. Mas ouçam bem porque poderá entrar nos eleitos.
Aquilo que falávamos dos Growlers não procurarem estrelato nem grandes alaridos não significa obviamente que se andem a esconder. Não é isso. Quem já andou em digressão com os Black Keys, Julian Casablancas, Devendra Banhart, entre outros, não quer propriamente ficar atrás das cortinas. O que quero dizer é que o som que apresentam é despretensioso. A banda liderada por Brooks Nielsen e Matt Taylor não parece ser obcecada pela perfeição, pelos arranjos excessivos em que nada é deixado ao acaso. Os Growlers, pelo menos, neste disco mais maduro e polido, continuam a ser aquela banda do «tá-se bem», que apenas está ali a tocar a sua cena.
É um álbum no qual podemos ouvir umas pequenas incursões pelo reggae como em «Going Gets Tough» mas onde o sempre falado e presente psych impera. Mas o que é este psych afinal? Não é mais do que uns riffs desprendidos, que parecendo sem rumo levam-nos sempre a qualquer lado e ainda uma voz rouca com saudades do seu whiskey. «Good Advice», o single de apresentação extraído deste Chinese Fountain é isso mesmo. Grande álbum para ser escutado do princípio ao fim destes Growlers.